SHIZUOKA
Mar, Montanha e… Chá
Colina tranquila: essa seria a tradução literal do nome ‘Shizuoka’. Não é difícil de entender a pessoa que decidiu colocar esse nome na região que hoje é ocupada pela província. Onde quer que você vá — e a província é extensa —, elevações produzem belas paisagens, algumas cobertas de mata e outras de campos de chá. Isso sem contar, claro, com a maior e mais simbólica de todas as montanhas do país, o Monte Fuji, que fica na divisa com a província de Yamanashi e pode ser visto de diversos locais.
Perto de Tóquio o suficiente para não estar isolada mas distante o bastante para não ter sido contaminada pela suburbanização, a província tem, na medida perfeita, cidades grandes como Hamamatsu e a capital, também chamada de Shizuoka, e áreas menos adensadas, onde se pode curtir a natureza e viver experiências tradicionais.
Com um clima privilegiado — em especial no inverno, que costuma ser ameno — a província também é um paraíso de produtos naturais. O chá verde é o mais conhecido todos. Mas não é difícil de encontrar locais para comprar frutas frescas como morango e tangerina, além do wasabi, produzido com a água que vem das montanhas.
Além disso, Shizuoka é o lar de mais de 30 mil brasileiros, o que traz sempre aquele sentimento de estar em casa. Cidades como Hamamatsu (olha ela aí de novo!), Iwata, Fukuroi, Kikugawa e Kakegawa são algumas das cidades com um grande número de compatriotas e isso quer dizer, claro, que é fácil encontrar gastronomia e serviços brasileiros aqui e ali.
Passeio no lago em Hamamatsu
Maior município da província de Shizuoka, Hamamatsu também é a cidade com mais brasileiros no Japão. Por isso, não é incomum encontrar gente falando português nas inúmeras atrações da cidade. Quem gosta de natureza não vai se decepcionar com o Lago Hamana (Hamanako, em japonês). Antigamente composto por água doce, o lago foi atingido por um forte terremoto no ano de 1498 que o conectou com o mar. Hoje lago de água salgada é um dos pontos turísticos mais visitados de Hamamatsu.
Na margem norte do Hamanako fica Kanzanji Onsen, uma estância de águas termais criada no entorno do templo que lhe dá nome. Com 800 anos de história, o Kanzanji foi fundado por Kobo Daishi, um dos monges responsáveis pela expansão do budismo pelo Japão, por volta do ano 800. Localizado em uma colina acessível por teleférico, o templo dedicado a Kannon é conhecido, também, por atrair pessoas interessadas em encontrar a sua metade da laranja.
Criadas comercialmente nas águas salgadas do lago, as enguias são uma iguaria da região. São diversos os restaurantes que oferecem pratos com este peixe de aparência estranha para nós é considerado um superalimento. Rica em cálcio e em vitaminas B, D e E, a iguaria oferece toda a estamina necessária para encarar o calorão japonês.
Não muito distante do lago, o Unagi no Kojimaya, um dos restaurantes mais populares de enguia na região. Ali, é possível provar a iguaria de duas formas. O shirayaki é a mais simples, com o peixe temperado, basicamente, com sal, valorizando o sabor do ingrediente. Mas a forma mais nobre de comer a iguaria é na forma de um belo kabayaki. Aqui, a enguia é caramelilzada com um molho tarê feito com shoyu, mirin, açúcar e saquê. O resultado é o peixe com um sabor levemente adocicado, ideal para harmonizar com saquês mais rascantes. Para fechar o passeio, vale a pena seguir para a margem sul do lago até a praia de Bentenjima, onde um portal torii no mar é o momento #instabae do passeio. O pôr do sol no local é considerado um dos mais bonitos do Japão.
Chá e história em Kakegawa
Outra cidade com um grande número de brasileiros, Kakegawa, junto com a vizinha Kikugawa, forma o principal eixo de produção do chá na província de Shizuoka. Além disso, a torre do castelo da cidade foi a primeira do país a ser reconstruída em madeira, o material original usado nessas construções históricas.
Castelos japoneses sofreram um grande revés no final do Período Meiji quando foram destruídos ou deixados à própria sorte como forma de aniquilar de vez o poder dos antigos senhores feudais. Não foi o caso de Kakegawa que foi destruído por um terremoto em 1854, poucos anos antes do fim do xogunato Tokugawa. Apesar de uma parte da sua área ter sido usada pelo governo local, a reconstrução da torre só rolou nos anos 1990, com a ajuda de uma vaquinha que levantou cerca de 1 bilhão de ienes.
Além da visita à torre, repleta de informações e objetos históricos, o visitante pode conhecer o palácio do castelo, um dos quatro únicos exemplares do tipo ainda existentes no Japão. O palácio era o espaço de trabalho do daimyô e de outros funcionários públicos de alta graduação na administração local. Outro destaque da visita é a casa de chá onde se pode apreciar o matchá de alta qualidade produzido na região.
As águas azuis de Sumatakyo
Um dos lugares mais #instabae da província de Shizuoka fica no vale do Rio Sumata, um dos afluentes do Rio Oi. Trata-se da Yume-no-Tsuribashi, uma ponte pênsil sobre um lago de cor azul. Apesar da fama, no entanto, o lugar não é de fácil acesso. Quem se aventura de transporte público, precisa pegar um trem regular e um de montanha, além de uma linha de ônibus. A vantagem é que a localidade, que também é uma estância de águas termais, não atrai o turismo de massa e, por isso, é possível curtir os passeios na natureza sem aquele grande número de gente! O acesso precário é compensado pela paisagem. As margens do Rio Oi são repletas de plantações de chá que ficam ainda mais charmosas se apreciadas de dentro do SL, uma locomotiva a vapor que faz algumas viagens por dia até o sopé da serra, onde se embarca num trenzinho de montanha. A criançada também costuma se divertir com a locomotiva inspirada no personagem principal da série animada Thomas and Friends.
Localizada a alguns minutos de caminhada do centro da vila, a Yume-no-Tsuribashi tem 90 metros de comprimento e 8 de altura. Dali, é possível fazer uma rota pela montanha que ganha um amarelo especial no outono, durante a temporada do koyo, o processo de envelhecimento das folhas das árvores decíduas.
A magia da maior montanha do Japão
Símbolo do Japão, ninguém se cansa de ver e de falar sobre o Monte Fuji. Shizuoka é privilegiada por ter inúmeras vistas da montanha. São tantas que fica até difícil escolher. Fujinomiya é uma das cidades que fica no sopé do Fuji-san, que é o nome da elevação em japonês.
Aqui fica o Tanuki, um lago artificial criado sobre um pântano com águas do Rio Shiba, que corre nas redondezas. Com pouco mais de 3 km de circunferência, o lago é outro local com acesso difícil de transporte público. Não há linhas de trem para a região e os ônibus circulam em poucos horários.
No entanto, o parque que circunda o Tanuki é um dos lugares mais interessantes para se ver o Fuji e não é só pelo espaço abundante, cercado de verde e muito bem preparado para receber visitantes. O reflexo da montanha no lago é, simplesmente, perfeito.
Como isso não bastasse, duas vezes ao ano, o sol nasce bem no alto da cratera do Monte Fuji, um evento chamado pelos observadores de Fuji Diamante. Na terceira semana dos meses de abril e agosto, gente de todo país visita ao lago bem cedinho, pela manhã, para fotografar o fenômeno. Belíssimo!
Balneários entre montanhas
Quem gosta de mar não vai se decepcionar na Península de Izu, na parte mais leste da província, a cerca de 100 quilômetros de Tóquio. Atami é a porta de entrada para a região e é conhecida por seus ryokan, pousadas tradicionais japonesas, que oferecem banhos de águas termais.
A partir daqui, península a dentro, a paisagem montanhosa, sempre margeada pelo mar, domina. Shirahama fica na cidade de Shimoda e é uma das praias mais visitadas da região. Em contraste com a areia branquíssima, o mar cor de turquesa ganha beleza ainda mais dramática. Famosa, a praia costuma atrair hordas de turistas no verão.
Na parte mais meridional da península fica o Cabo Irozaki, uma das paisagens costeiras mais belas do Japão. Extremamente recortado e formado por rochas vulcânicas, a vista marinha a partir dos penhascos é inesquecível. O local conta, ainda, com um farol. Quem gosta de trilhas pode se aventurar pela área do Cabo Tarai. Uma trilha parte de Yumigahama, uma praia de areia branca, e segue pela montanha até Touji que é, por sua vez, uma praia de cascalho. No caminho, a vista do litoral é estonteante e prova que, em Shizuoka, escolher entre o mar e a montanha é completamente desnecessário. Aqui tem tudo!
Conteúdo cedido por jpguide.co