Quando se fala em Saitama, a maioria das pessoas se refere, de forma muitas vezes nada elogiosa, “àquela província que fica logo ali no norte de Tóquio”. É o preço que se paga por estar tão próximo a uma das maiores e mais fulgurantes “cidades” do mundo. Aliás, não é só uma mera proximidade. Saitama é uma parte tão natural do crescimento de Tóquio que, na prática, é impossível separar as duas províncias.
Uma intrincada rede de transporte público conecta diversas localidades de Saitama a Tóquio em menos de uma hora de viagem. Excelente notícia para quem trabalha nas áreas mais centrais, melhor ainda para quem faz o caminho inverso. Sim, porque cada vez mais toquiotas estão descobrindo que não faz sentido algum a expressão “dasaitama”, um infame trocadilho feito com as palavras “dasai” (brega, jeca, fora de moda) e o nome da província. Saitama não somente é perto de Tóquio como também oferece centenas de opções para quem pensa em turismo e lazer. Neste blog, fizemos uma lista de dez coisas que você não pode deixar de fazer em Saitama. E não pense que foi fácil. A província tem tantas opções de passeio, gastronomia, arte e lazer que foi difícil fechar a lista. Por isso, pegue essas dicas como um começo e abre os olhos para descobrir uma Saitama que muita gente ainda não sabe que existe!
1- Ver o Festival Noturno de Chichibu
Chichibu fica no extremo oeste da província e é o maior município de Saitama. A região já foi o centro de uma província histórica do Japão e, por isso, tem uma forte identidade local que se expressa em diversas tradições. A mais resplandecente delas é o Chichibu Yomatsuri, um festival noturno realizado todos os anos nos dias 2 e 3 de dezembro e que atrai mais de 400 mil visitantes por dia para a pacata cidade de pouco mais de 63 mil habitantes.
O centro do festival é o Santuário Chichibu que tem, pelo menos, 1000 anos de história. O prédio principal, por exemplo, foi construído em 1592 sob as graças do então xogum Tokugawa Ieyasu. As belíssimas esculturas de tigres, dragões e outros animais míticos lembram o Toshogu de Nikko. Não é um acaso. Muitas delas foram esculpidas pelos mesmos artesãos que fizeram a fama do santuário dedicado ao fundador do último xogunato da história japonesa. O templo também tem um espaço dedicado à história do evento noturno tradicional mais badalado da província, o Chichibu Matsuri Hall.
Festivais japoneses são conhecidos pelos mikoshi, os andores que são considerados santuários portáteis dentro da fé xintoísta. No Chichibu Yomatsuri, é como se os mikoshi tivessem tomado anabolizantes e ficados gigantescos como carros alegóricos do carnaval carioca. Chamados de dashi, esses carros são ricamente decorados com lanternas que fazem o visitante esquecer o frio das montanhas e acompanhar, embasbacado, o que uma cidade tão pequena pode fazer em nome da fé e da tradição. São seis carros, que representam os bairros da cidade e circulam em direção à praça central, do final da tarde até o início da noite do dia 3.
Além dos dashi, os fogos de artifício também se destacam no festival. São quase três horas de queima de fogos! Nem no verão, que é a temporada de hanabi, se vê tanto de uma vez só. Isso faz com que o evento de Chichibu, realizado no começo do inverno, seja uma oportunidade rara, e muito especial, de ver fogos de artifício fora de época. Não é à toa que o Chichibu Yomatsuri é considerado um dos três mais belos festivais japoneses com carros alegóricos, fazendo companhia ao badaladíssimo Gion Matsuri de Kyoto e ao Takayama Matsuri, nas montanhas da província de Gifu.
O festival também é um paraíso para quem curte comida de rua. Nas cercanias do Santuário Chichibu, as famosas barraquinhas estão sempre cheias de delícias como o yakissoba, o takoyaki, o karaagee as maçãs do amor. Não esqueça, também, de provar o porco no missô, uma especialidade da região.
Santuário Chichibu
2 e 3 de dezembro
Saitama-ken Chichibu-shi Banbamachi 1-3
埼玉県秩父市番場町1-3
0494-22-0262
www.chichibu-jinja.or.jp
2- Caçar morangos
Ichigo é morango em japonês. E quem já comeu os famosos morangos de Atibaia, no Brasil, sabe muito bem a diferença entre um morango produzido no Japão e os primos da nossa terra distante. Estando lá, a gente ama, claro. E tem mais que amar, mesmo. É o que tem. Mas, chegando aqui e comendo um morango japonês, toooooooda a percepção que a gente tem sobre a fruta muda. O morango japonês cai no paladar de forma diferente. Ele é mais doce, mais cheiroso e, ainda por cima, é mais bonito, fruto da seleção que os agricultores fazem.
Toda essa introdução é necessária porque não existe amante de morango — mesmo o humildezinho que a gente amava lá no Brasil — que nunca tenha sonhado em ter uma plantação à disposição para comer a fruta direto do pé, até cair no chão de satisfação. Bem, no Japão essa versão do paraíso se chama ‘ichigo-gari (いちご狩り), algo que pode ser traduzido como ‘caça aos morangos’.
Saitama é uma das províncias de Kanto com mais lugares para caçar morangos. A Sayama Berry Land é um desses locais, um sítio que há 18 gerações resiste à urbanização da província e segue produzindo alimentos. São sete estufas de morango distribuídas nos 80 mil metros quadrados da propriedade que produz, ainda, mirtilo e cogumelo shiitake, que também podem ser colhidos diretamente, em épocas distintas. As instalações são acessíveis a pessoas com dificuldades de locomoção, com espaço para cadeira de rodas, por exemplo. A temporada de morangos na Sayama Berry Land vai de dezembro a maio e a reserva, recomendável, pode ser feita no site do sítio.
Sayama Berry Land de dezembro a maio
Saitama-ken Sayama-shi Horigane 1262-5
埼玉県狭山市堀兼1262-5
04-2958-8000
www.sayama-sb.com
3- Ver os pingentes de gelo
Pingentes de gelo são aquelas formas produzidas a partir do congelamento da água quando esta escorre em gotas. O extremo oeste é a região mais fria da província de Saitama e é ali que a natureza criou um belo espetáculo conhecido como o Misotsuchi no Tsurara, algo como “os pingentes de gelo de Misotsuchi”. Nas encostas da parte mais montanhosa da cidade, às margens do Rio Arakawa, a água que mina vai congelando no inverno formando um belo espetáculo que atrai turistas de várias partes do Japão.
Com o sucesso do Misotsuchi no Tsurara, outras localidades próximas passaram a produzir artificialmente os pingentes de gelo. No Vale de Onouchi, já na vila vizinha de Ogano, a comunidade se organizou para criar um ambiente similar, na área em que uma ponte de madeira atravessa o rio. Os moradores montaram um sistema para borrifar a água nas encostas e, com o frio, as gotas vão se congelando, formando os pingentes. O efeito é incrível!
Tanto o Misotsuchi no Tsurara quanto o Vale de Onouchi são belos mas têm um problema quando o assunto é transporte: ficam em áreas afastadas nas montanhas. Na praticidade, ganham os Pingentes de Gelo de Ashigakubo, que ficam a 10 minutos da estação de mesmo nome, na cidade de Yokoze, vizinha de Chichibu. No local, os pingentes também são formados artificialmente, com o mesmo tipo de borrifadores de água.
Como em cada local as formações são diferentes, visitar os três não parece demais. Ainda mais que as três atrações têm iluminação noturna em dias específicos, o que traz ainda mais beleza e destaque para os pingentes. Quem disse que entrar numa fria não pode ser legal?
Misotsuchi no Tsurara (三十槌の氷柱)janeiro e fevereiro de cada ano (confira as datas antes de viajar)
Saitama-ken Chichibu-shi Otaki 4066
埼玉県秩父市大滝4066
Onouchi Keikoku Hyochu (尾の内渓谷氷柱) janeiro e fevereiro de cada ano (confira as datas antes de viajar)
Saitama-ken Chichibu-gun Ogano Kawarasawa
埼玉県秩父郡小鹿野町河原沢
Ashigakubo no Tsurara (あしがくぼの氷柱) janeiro e fevereiro de cada ano (confira as datas antes de viajar)
Saitama-ken Chichibu-gun Yokoze Ashigakubo
埼玉県秩父郡横瀬町芦ケ久保
0494-25-0450
4- Beber kombuchá
Sim, todo mundo fala dele como a mais nova receita milagrosa de saúde dos descolados. Mas, não, o kombuchá não é novidade. A bebida é milenar e tem origens na China e sua fama já corria continentes desde muito antes da internet ser inventada. Ela é citada até na Bíblia. No livro de Rute, há uma passagem em que a personagem que dá nome à obra é convidada pelo proprietário de terras Booz a convida para tomar um vinagre que os historiadores acreditam ser uma versão local do kombuchá.
A bebida probiótica é um fermentado feito a partir da planta do chá, com uma espécie de zoogeleia, ou seja, uma cultura de microorganismos. Pode-se incluir na receita, ainda, açúcar e frutas ou especiarias para saborizar. O resultado é uma bebida refrescante, frisante e cheia de nutrientes que fazem bem à flora intestinal, auxiliam a digestão.E o que tudo isso tem a ver com a província de Saitama?
É que, apesar do nome com tudo para ser japonês, o kombuchá que está bombando mundo afora não é muito popular por aqui. (Aliás, não confundir com o chá feito com a alga kombu que leva o mesmo nome.) E a única empresa com licença para produzir o fermentado no Japão fica justamente na cidade de Kawaguchi, em Saitama. O Kombucha Ship é a parte da empresa encarregada de apresentar a bebida para o público. No seu tap room(uma espécie bar, onde se pode provar as bebidas), a empresa oferece os três tipos de kombuchá básicos produzidos em Saitama: Original, Yuzu Heads (saborizado com yuzu) e Pinksour Party, que leva hibisco e capim limão. Além disso, a empresa costuma oferecer no local versões sazonais e limitadas. Fino!
Kombucha Ship
Saitama-ken Kawaguchi-shi Ryoke 5-4-1
埼玉県川口市領家5-4-1
048-222-1171
oks-kombuchaship.com
5- Tomar saquê
Ogawa é uma pequena cidade no centro da província de Saitama, conhecida pela produção de washi, o tradicional papel japonês. A água é um elemento importante na produção do washi. Uma das características principais da água em Ogawa é a dureza, ou seja, a riqueza de minerais. A cidade fica na base das montanhas de Chichibu que têm como uma das rochas principais o calcário. Quando a água percola pelas rochas calcárias da região, ela fica cristalina o suficiente para servir para o papel e, ao mesmo tempo, rica em minerais. Essa é a água classificada como dura. A condição geológica de Ogawa é rara no Japão e foi o que atraiu Yuemon Matsuoka para a região, ainda no período Edo.
Matsuoka vinha de Echigo, na atual província de Niigata, onde a água também é classificada como dura. Parte de uma família de produtores de saquê, o homem viu potencial para criar sua própria fábrica na cidade que florescia como entreposto comercial. Assim nasceu a Matsuoka que, anos mais tarde, passou a dar ao seu saquê o nome de Mikadomatsu, usando o caractere que indica nobreza (帝) e o “matsu/松”, ou pinheiro, símbolo de prosperidade.
Atualmente, a Matsuoka produz mais de 40 tipos de bebidas diferentes, algumas delas premiadas com medalhas de ouro em competições nacionais de saquê. Embarcando num movimento de renovação, a empresa tem investido em novos formatos, como saquês saborizados, frisantes e licores. Além disso, a marca tem procurado se aproximar de novos públicos, inclusive atraindo estrangeiros para visitar sua fábrica. As visitas, infelizmente, ainda são só em japonês e é necessário fazer reserva. Mas alguns guias têm organizado visitas com estrangeiros, que saem bastante satisfeitos com a atenção recebida.
As visitas guiadas começam com a prova da água da região e mostram, nas próprias instalações da fábrica, como é feita a produção do saquê. O passeio inclui uma olhada nas antigas instalações, da época em que toda a produção era feita de forma artesanal. Nostálgico, o armazém de tonéis antigos mostra como se armazenava o saquê. A fábrica manteve, ainda, uma sala administrativa com os cadernos de registro da produção que eram usados no passado. Após a visita, o mestre-produtor faz a apresentação dos principais saquês da empresa, numa degustação gratuita, e os produtos também estão disponíveis para compra no local. Difícil é sair com uma garrafa só. Ou, ainda, ir embora sem provar o sorvete de saquê.
Fábrica de Saquês Matsuoka
Saitama-ken Hiki-gun Ogawa-machi Oaza Shimofurutera 7-2
埼玉県比企郡小川町大字下古寺7-2
0493-72-1234
www.mikadomatsu.com
6 Assistir a um jogo do Urawa Reds
Antes de mais nada, nós estamos sabendo do histórico dos Diamantes de Saitama com o racismo. Em 2014, a torcida do time protagonizou um dos mais vergonhosos momentos da história do futebol profissional japonês ao estender durante a partida uma faixa escrita “Japanese Only” (algo como ‘somente japoneses’, em inglês). Dois anos depois, outro torcedor foi ao Twitter desrespeitar o brasileiro Caio, na época meio-de-campo do rival Kashima Antlers. Vale ressaltar que, nos dois episódios, o time se manifestou veementemente contra a atitude desses torcedores.
Com a chegada de Ewerton, emprestado pelo FC Porto, agora são três brasileiros no elenco do rubro-negro de Saitama. (Fabrício e Maurício são os outros dois.) Em outras palavras, dar uma força para os nossos compatriotas já seria, por si só, uma motivo forte para ver o Urawa jogar. Mas o time também tem outras glórias. É bicampeão da J-League, tri da Copa do Imperador, bi na Liga dos Campeões da AFC dentre outros títulos.
Além disso, o time tem o mando de campo de um dos mais belos estádios do Japão, o Saitama Stadium 2002, onde o Brasil bateu a Turquia por 1 a 0, no penúltimo desafio da bem sucedida campanha do penta. Aliás, o estádio com capacidade para cerca de 63 mil torcedores também é aberto para visitas guiadas que podem ser agendadas por telefone.
Saitama Stadium 2002
Saitama-ken Saitama-shi Midori-ku Misono 2-1
埼玉県さいたま市緑区美園2丁目1
048-812-2002
www.stadium2002.com
7 Visitar a Pequena Edo
Edo é o antigo nome de Tóquio. Kawagoe, a primeira municipalidade a ganhar status de cidade na província de Saitama, não é chamada de Pequena Edo por acaso. Sua história é intimamente ligada à da capital japonesa. Durante o xogunato Tokugawa, a localidade era uma importante fornecedora de produtos para Edo. Kawagoe era tão valorizada pelo xogum que a cidade tinha um castelo e homens de sua confiança foram nomeados senhores da região.
No final do século 19, Kawagoe sofreu um grande incêndio e boa parte das estruturas foi destruída. As novas construções foram refeitas no estilo kurazukuri, com paredes e janelas reforçadas e pintura preta no exterior, proteção extra contra novos incêndios, incluindo aí as lojas que não costumavam ser construídas com tamanha proteção. Tudo isso graças à riqueza dos comerciantes da região.
Infelizmente, a rua com mais casas no estilo antigo é, também, uma importante via de circulação para a cidade que até chegou a testar a interrupção do tráfego de veículos por ela. Esse passa-passa de carros e ônibus acaba, de certo modo, tirando o charme e dificultando a apreciação das casas. Ainda assim, a arquitetura de Kawagoe é tão distintiva na região urbana de Kanto que a cidade recebe um fluxo considerável de turistas por ano.
Não muito distante da via principal, fica a Torre do Sino que toca quatro vezes por dia (às 6 da manhã, ao meio-dia, às três e às seis da tarde), mantendo a função que tinha desde o Período Edo que era informar as horas aos moradores da região. A torre original foi consumida no incêndio de 1893, sendo reconstruída um ano depois. Com três andares e 16 metros de altura, a construção se destaca na área antiga da cidade.
Nas cercanias da torre fica o Kashiya Yokocho, o Beco dos Doces, uma ruazinha estreita cheia de lojas de doces tradicionais japoneses. A ruazinha teve um papel interessante logo depois do Grande Terremoto de 1923, que devastou a capital japonesa. Devido à proximidade com Tóquio, as lojas do Kashiya Yokocho começaram a receber abruptamente pedidos de doces para abastecer a região em reconstrução. Com isso, o comércio começou a prosperar e, no início do Período Showa, mais de 70 estabelecimentos especializados em doces existiam na ruela. Hoje, são apenas cerca de 20, mas o local ainda é interessante para quem gosta de provar aqueles docinhos com gosto de avó.
Kawagoe também é a terra de origem de uma das mais conhecidas marcas de cerveja artesanal do Japão, a Coedo. Com interesse em produzir de forma sustentável, a empresa acabou criando a primeira cerveja de batata doce do mundo, usando justamente a raiz produzida na cidade. A receita dessa imperial amber foi sendo aprimorada e hoje a Beniaka é um dos destaques da carta de cervejas da Coedo e pode ser consumida em todo o Japão.
Kawagoe – Bairro das Casas no Estilo Kurazukuri
Saitama-ken Kawagoe-shi Teramachi 15-7
埼玉県川越市寺町15-7
8 Ver a florada dos shibazakura
O shibazakura é uma espécie de planta rasteira que floresce no Japão nos meses de abril e maio. O nome “sakura” não está ali por acaso. As flores do shibazakura são cor de rosa como as das cerejeiras e sua floração também é um espetáculo. O melhor local para apreciar essa florada é o Parque Hitsujiyama, na cidade de Chichibu. São mais de 40 mil pés, de 9 diferentes espécies, espalhados numa área de mais de 17 mil metros quadrados. Tudo rosinha e lilás. Além disso, o parque oferece, dentre outras atrações, uma bela vista para a cidade de Chichibu e um espaço onde as crianças podem conhecer como é uma criação de ovelhas, hitsujiem japonês.
Parque Hitsujiyama – Shibazakura no Oka
Saitama-ken Chichibu-shi Omiya 6360
埼玉県秩父市大宮6360
0494-26-6867
www.city.chichibu.lg.jp/1853.html
9 Fazer rafting entre paredões de pedra
Nos fins de semana e feriados entre os meses de abril e dezembro um apito diferente ecoa no ar. É o Paleo Express, uma locomotiva a vapor que relembra os tempos nostálgicos do pós-guerra. Esse é o transporte usado por muitos turistas para conhecer uma das mais belas áreas naturais da região de Kanto, o Parque Provincial Natural Nagatoro Tamayodo.
Cortada pelo Rio Arakawa, a pequena cidade de Nagatoro fica inteira dentro dos limites desta área de preservação ambiental. As belezas naturais atraem cerca de 200 mil visitantes por ano para a localidade de pouco mais de 7 mil habitantes. Passear num pequeno barco pelo rio é um dos passeios que mais encantam os turistas. Comandadas por dois experientes condutores, as pequenas embarcações correm rio abaixo, passando por corredeiras. Essa é a versão do passeio com pouca emoção. Os mais aventureiros podem escolher o rafting, indicado até mesmo para os menos experientes. A experiência é de tirar o fôlego e não é somente por conta das corredeiras. Em Nagatoro, o Rio Arakawa corre numa estreita formação com paredões de até 80 metros de altura. Na margem esquerda do rio, fica a área conhecida como Iwadatami, algo como “tatami de pedra”. Isso porque o assoalho do paredão é plano. O local parece um calçamento feito pelo homem e lembra os tatamis das casas japonesas, uns encaixados nos outros. No alto do Iwadatami, é impossível resistir àquele ímpeto de fazer aquela foto que vai direto para o Instagram.
Outro local completamente insta-bae é o pico do Monte Hodo, acessível pelo teleférico que fica ao lado do Santuário Hodosan. Este templo, aliás, tem uma lenda interessante. Conta-se que ele foi fundado por Yamato Takeru, filho do imperador Keiko que governou o Japão por algumas décadas entre o primeiro e o segundo séculos da nossa era. Takeru teria sido tão violento que seu pai o despachou para o interior para que ele pudesse botar para fora toda essa energia enfrentando tribos selvagens e fundando santuários. A lenda continua dizendo que o cara chegou até a base do Monte Hodo e encontrou um poço, justamente no local onde hoje fica o templo. Takeru bebeu água do local e decidiu subir o morro. Acontece que, no meio do caminho, um incêndio começou, ameaçando o príncipe e seus acompanhantes. De repente, um grupo de cães apareceu e apagou o fogo, salvando a vida do grupo. Depois do ato de coragem, os cães desapareceram no ar e Takeru entendeu que tinha sido um milagre. Assim, o homem decidiu criar na base da montanha o Santuário Hodosan e, nos dias de hoje, os fiéis fazem suas preces no local pedindo proteção para a família e, claro, contra incêndios.
No topo do Monte Hodo, fica um jardim que floresce no final do inverno com pés de pimenta-da-jamaica e ameixa. As pequenas flores amarelas das pimenteiras exalam um perfume doce e trazem elegância e um certo ar etéreo para a encosta da montanha. As pimentas florescem em fevereiro enquanto as ameixeiras ficam em flor entre o meado de fevereiro e o final de março.
Nagatoro
Saitama-ken Chichibu-gun Nagatoro
埼玉県秩父郡長瀞町長瀞
10 Conhecer a história das ferrovias no Japão
Os japoneses adoram trens e têm razão para isso. O país tem uma extensa malha ferroviária que foi um dos motores de sua integração e desenvolvimento. Poucos lugares do mundo podem se orgulhar de trens e ferrovias em tão bom estado de conservação e funcionamento. Pontualidade e eficiência são a marca registrada dos trens no Japão.
Por isso que uma visita ao Tetsudo Hakubutsukan —Museu Histórico das Ferrovias em português — é um deleite. Primeiro pelo acervo. São 36 máquinas aposentadas em exposição, uma coisa de louco para quem é fã de trens. O visitante pode entrar, ver como os vagões eram na época em que estavam em atividade e sentir a nostalgia no ar. Além disso, podem acompanhar in loco a evolução dos trens, comparando design e outros itens. Sim, porque estão lá, cara a cara com você, da locomotiva a vapor até o Shinkansen. Uau!
Além disso, uma série de espaços de exposição conta a história, o agora e o futuro das ferrovias japonesas e do mundo. Infelizmente, não há nada em português, o que não seria novidade. Mas vale a pena ‘gambattear’ no japonês para não perder nada. Outro ponto de destaque é o diorama, uma maquete com trens em movimento. O diorama do museu é o maior do Japão e tem 23 metros de comprimento e 10 metros de extensão. Dá para ficar horas ali só vendo os trens em miniatura passarem.
Mas o ponto alto da viagem fica, sem dúvida, com os simuladores. São cinco em que você pode ser o maquinista e um no papel do condutor, a pessoa que abre e fecha as portas dos trens. Os simuladores são extremamente disputados e as filas costumam ser longas. De todos, somente o da locomotiva D-51 requer pagamento adicional de ¥500. Dá para passar um dia inteiro e não ver tudo. São tantas atrações que fazem do museu, literalmente, uma viagem.
The Railway Museum (鉄道博物館)
Saitama-ken Saitama-shi Omiya-ku Onari-cho 3-47
埼玉県さいたま市大宮区大成町3-47
048-651-0088
www.railway-museum.jp
Conteúdo cedido por JP Guide
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