Conheça Saitama

Quando se fala em Saitama, a maioria das pessoas se refere, de forma muitas vezes nada elogiosa, “àquela província que fica logo ali no norte de Tóquio”. É o preço que se paga por estar tão próximo a uma das maiores e mais fulgurantes “cidades” do mundo. Aliás, não é só uma mera proximidade. Saitama é uma parte tão natural do crescimento de Tóquio que, na prática, é impossível separar as duas províncias.

Uma intrincada rede de transporte público conecta diversas localidades de Saitama a Tóquio em menos de uma hora de viagem. Excelente notícia para quem trabalha nas áreas mais centrais, melhor ainda para quem faz o caminho inverso. Sim, porque cada vez mais toquiotas estão descobrindo que não faz sentido algum a expressão “dasaitama”, um infame trocadilho feito com as palavras “dasai” (brega, jeca, fora de moda) e o nome da província. Saitama não somente é perto de Tóquio como também oferece centenas de opções para quem pensa em turismo e lazer. Neste blog, fizemos uma lista de dez coisas que você não pode deixar de fazer em Saitama. E não pense que foi fácil. A província tem tantas opções de passeio, gastronomia, arte e lazer que foi difícil fechar a lista. Por isso, pegue essas dicas como um começo e abre os olhos para descobrir uma Saitama que muita gente ainda não sabe que existe!

 

1- Ver o Festival Noturno de Chichibu

Chichibu fica no extremo oeste da província e é o maior município de Saitama. A região já foi o centro de uma província histórica do Japão e, por isso, tem uma forte identidade local que se expressa em diversas tradições. A mais resplandecente delas é o Chichibu Yomatsuri, um festival noturno realizado todos os anos nos dias 2 e 3 de dezembro e que atrai mais de 400 mil visitantes por dia para a pacata cidade de pouco mais de 63 mil habitantes.

O centro do festival é o Santuário Chichibu que tem, pelo menos, 1000 anos de história. O prédio principal, por exemplo, foi construído em 1592 sob as graças do então xogum Tokugawa Ieyasu. As belíssimas esculturas de tigres, dragões e outros animais míticos lembram o Toshogu de Nikko. Não é um acaso. Muitas delas foram esculpidas pelos mesmos artesãos que fizeram a fama do santuário dedicado ao fundador do último xogunato da história japonesa. O templo também tem um espaço dedicado à história do evento noturno tradicional mais badalado da província, o Chichibu Matsuri Hall.

Festivais japoneses são conhecidos pelos mikoshi, os andores que são considerados santuários portáteis dentro da fé xintoísta. No Chichibu Yomatsuri, é como se os mikoshi tivessem tomado anabolizantes e ficados gigantescos como carros alegóricos do carnaval carioca. Chamados de dashi, esses carros são ricamente decorados com lanternas que fazem o visitante esquecer o frio das montanhas e acompanhar, embasbacado, o que uma cidade tão pequena pode fazer em nome da fé e da tradição. São seis carros, que representam os bairros da cidade e circulam em direção à praça central, do final da tarde até o início da noite do dia 3.

Além dos dashi, os fogos de artifício também se destacam no festival. São quase três horas de queima de fogos! Nem no verão, que é a temporada de hanabi, se vê tanto de uma vez só. Isso faz com que o evento de Chichibu, realizado no começo do inverno, seja uma oportunidade rara, e muito especial, de ver fogos de artifício fora de época. Não é à toa que o Chichibu Yomatsuri é considerado um dos três mais belos festivais japoneses com carros alegóricos, fazendo companhia ao badaladíssimo Gion Matsuri de Kyoto e ao Takayama Matsuri, nas montanhas da província de Gifu.

O festival também é um paraíso para quem curte comida de rua. Nas cercanias do Santuário Chichibu, as famosas barraquinhas estão sempre cheias de delícias como o yakissoba, o takoyaki, o karaagee as maçãs do amor. Não esqueça, também, de provar o porco no missô, uma especialidade da região.

Santuário Chichibu
2 e 3 de dezembro
Saitama-ken Chichibu-shi Banbamachi 1-3
埼玉県秩父市番場町1-3
0494-22-0262
www.chichibu-jinja.or.jp

2- Caçar morangos

Ichigo é morango em japonês. E quem já comeu os famosos morangos de Atibaia, no Brasil, sabe muito bem a diferença entre um morango produzido no Japão e os primos da nossa terra distante. Estando lá, a gente ama, claro. E tem mais que amar, mesmo. É o que tem. Mas, chegando aqui e comendo um morango japonês, toooooooda a percepção que a gente tem sobre a fruta muda. O morango japonês cai no paladar de forma diferente. Ele é mais doce, mais cheiroso e, ainda por cima, é mais bonito, fruto da seleção que os agricultores fazem.

Toda essa introdução é necessária porque não existe amante de morango — mesmo o humildezinho que a gente amava lá no Brasil — que nunca tenha sonhado em ter uma plantação à disposição para comer a fruta direto do pé, até cair no chão de satisfação. Bem, no Japão essa versão do paraíso se chama ‘ichigo-gari (いちご狩り), algo que pode ser traduzido como ‘caça aos morangos’.

Saitama é uma das províncias de Kanto com mais lugares para caçar morangos. A Sayama Berry Land é um desses locais, um sítio que há 18 gerações resiste à urbanização da província e segue produzindo alimentos. São sete estufas de morango distribuídas nos 80 mil metros quadrados da propriedade que produz, ainda, mirtilo e cogumelo shiitake, que também podem ser colhidos diretamente, em épocas distintas. As instalações são acessíveis a pessoas com dificuldades de locomoção, com espaço para cadeira de rodas, por exemplo. A temporada de morangos na Sayama Berry Land vai de dezembro a maio e a reserva, recomendável, pode ser feita no site do sítio.

Sayama Berry Land de dezembro a maio
Saitama-ken Sayama-shi Horigane 1262-5
埼玉県狭山市堀兼1262-5
04-2958-8000
www.sayama-sb.com

 

3- Ver os pingentes de gelo

Pingentes de gelo são aquelas formas produzidas a partir do congelamento da água quando esta escorre em gotas. O extremo oeste é a região mais fria da província de Saitama e é ali que a natureza criou um belo espetáculo conhecido como o Misotsuchi no Tsurara, algo como “os pingentes de gelo de Misotsuchi”. Nas encostas da parte mais montanhosa da cidade, às margens do Rio Arakawa, a água que mina vai congelando no inverno formando um belo espetáculo que atrai turistas de várias partes do Japão.

Com o sucesso do Misotsuchi no Tsurara, outras localidades próximas passaram a produzir artificialmente os pingentes de gelo. No Vale de Onouchi, já na vila vizinha de Ogano, a comunidade se organizou para criar um ambiente similar, na área em que uma ponte de madeira atravessa o rio. Os moradores montaram um sistema para borrifar a água nas encostas e, com o frio, as gotas vão se congelando, formando os pingentes. O efeito é incrível!

Tanto o Misotsuchi no Tsurara quanto o Vale de Onouchi são belos mas têm um problema quando o assunto é transporte: ficam em áreas afastadas nas montanhas. Na praticidade, ganham os Pingentes de Gelo de Ashigakubo, que ficam a 10 minutos da estação de mesmo nome, na cidade de Yokoze, vizinha de Chichibu. No local, os pingentes também são formados artificialmente, com o mesmo tipo de borrifadores de água.

Como em cada local as formações são diferentes, visitar os três não parece demais. Ainda mais que as três atrações têm iluminação noturna em dias específicos, o que traz ainda mais beleza e destaque para os pingentes. Quem disse que entrar numa fria não pode ser legal?

Misotsuchi no Tsurara (三十槌の氷柱)janeiro e fevereiro de cada ano (confira as datas antes de viajar)
Saitama-ken Chichibu-shi Otaki 4066
埼玉県秩父市大滝4066

Onouchi Keikoku Hyochu (尾の内渓谷氷柱) 
janeiro e fevereiro de cada ano (confira as datas antes de viajar)
Saitama-ken Chichibu-gun Ogano Kawarasawa
埼玉県秩父郡小鹿野町河原沢

Ashigakubo no Tsurara (あしがくぼの氷柱) janeiro e fevereiro de cada ano (confira as datas antes de viajar)
Saitama-ken Chichibu-gun Yokoze Ashigakubo
埼玉県秩父郡横瀬町芦ケ久保
0494-25-0450

Homemade fermented raw kombucha tea with different flavorings. Healthy natural probiotic flavored drink. Copy space

4- Beber kombuchá

Sim, todo mundo fala dele como a mais nova receita milagrosa de saúde dos descolados. Mas, não, o kombuchá não é novidade. A bebida é milenar e tem origens na China e sua fama já corria continentes desde muito antes da internet ser inventada. Ela é citada até na Bíblia. No livro de Rute, há uma passagem em que a personagem que dá nome à obra é convidada pelo proprietário de terras Booz a convida para tomar um vinagre que os historiadores acreditam ser uma versão local do kombuchá.

A bebida probiótica é um fermentado feito a partir da planta do chá, com uma espécie de zoogeleia, ou seja, uma cultura de microorganismos. Pode-se incluir na receita, ainda, açúcar e frutas ou especiarias para saborizar. O resultado é uma bebida refrescante, frisante e cheia de nutrientes que fazem bem à flora intestinal, auxiliam a digestão.E o que tudo isso tem a ver com a província de Saitama?

É que, apesar do nome com tudo para ser japonês, o kombuchá que está bombando mundo afora não é muito popular por aqui. (Aliás, não confundir com o chá feito com a alga kombu que leva o mesmo nome.)  E a única empresa com licença para produzir o fermentado no Japão fica justamente na cidade de Kawaguchi, em Saitama. O Kombucha Ship é a parte da empresa encarregada de apresentar a bebida para o público. No seu tap room(uma espécie bar, onde se pode provar as bebidas), a empresa oferece os três tipos de kombuchá básicos produzidos em Saitama: Original, Yuzu Heads (saborizado com yuzu) e Pinksour Party, que leva hibisco e capim limão. Além disso, a empresa costuma oferecer no local versões sazonais e limitadas. Fino!

Kombucha Ship
Saitama-ken Kawaguchi-shi Ryoke 5-4-1
埼玉県川口市領家5-4-1
048-222-1171
oks-kombuchaship.com

5- Tomar saquê

Ogawa é uma pequena cidade no centro da província de Saitama, conhecida pela produção de washi, o tradicional papel japonês. A água é um elemento importante na produção do washi. Uma das características principais da água em Ogawa é a dureza, ou seja, a riqueza de minerais. A cidade fica na base das montanhas de Chichibu que têm como uma das rochas principais o calcário. Quando a água percola pelas rochas calcárias da região, ela fica cristalina o suficiente para servir para o papel e, ao mesmo tempo, rica em minerais. Essa é a água classificada como dura. A condição geológica de Ogawa é rara no Japão e foi o que atraiu Yuemon Matsuoka para a região, ainda no período Edo.

Matsuoka vinha de Echigo, na atual província de Niigata, onde a água também é classificada como dura.  Parte de uma família de produtores de saquê, o homem viu potencial para criar sua própria fábrica na cidade que florescia como entreposto comercial. Assim nasceu a Matsuoka que, anos mais tarde, passou a dar ao seu saquê o nome de Mikadomatsu, usando o caractere que indica nobreza (帝) e o “matsu/松”, ou pinheiro, símbolo de prosperidade.

Atualmente, a Matsuoka produz mais de 40 tipos de bebidas diferentes, algumas delas premiadas com medalhas de ouro em competições nacionais de saquê. Embarcando num movimento de renovação, a empresa tem investido em novos formatos, como saquês saborizados, frisantes e licores. Além disso, a marca tem procurado se aproximar de novos públicos, inclusive atraindo estrangeiros para visitar sua fábrica. As visitas, infelizmente, ainda são só em japonês e é necessário fazer reserva. Mas alguns guias têm organizado visitas com estrangeiros, que saem bastante satisfeitos com a atenção recebida.

As visitas guiadas começam com a prova da água da região e mostram, nas próprias instalações da fábrica, como é feita a produção do saquê. O passeio inclui uma olhada nas antigas instalações, da época em que toda a produção era feita de forma artesanal. Nostálgico, o armazém de tonéis antigos mostra como se armazenava o saquê. A fábrica manteve, ainda, uma sala administrativa com os cadernos de registro da produção que eram usados no passado. Após a visita, o mestre-produtor faz a apresentação dos principais saquês da empresa, numa degustação gratuita, e os produtos também estão disponíveis para compra no local. Difícil é sair com uma garrafa só. Ou, ainda, ir embora sem provar o sorvete de saquê.

Fábrica de Saquês Matsuoka
Saitama-ken Hiki-gun Ogawa-machi Oaza Shimofurutera 7-2
埼玉県比企郡小川町大字下古寺7-2
0493-72-1234
www.mikadomatsu.com

6 Assistir a um jogo do Urawa Reds

Antes de mais nada, nós estamos sabendo do histórico dos Diamantes de Saitama com o racismo. Em 2014, a torcida do time protagonizou um dos mais vergonhosos momentos da história do futebol profissional japonês ao estender durante a partida uma faixa escrita “Japanese Only” (algo como ‘somente japoneses’, em inglês). Dois anos depois, outro torcedor foi ao Twitter desrespeitar o brasileiro Caio, na época meio-de-campo do rival Kashima Antlers. Vale ressaltar que, nos dois episódios, o time se manifestou veementemente contra a atitude desses torcedores. 

Com a chegada de Ewerton, emprestado pelo FC Porto, agora são três brasileiros no elenco do rubro-negro de Saitama. (Fabrício e Maurício são os outros dois.) Em outras palavras, dar uma força para os nossos compatriotas já seria, por si só, uma motivo forte para ver o Urawa jogar. Mas o time também tem outras glórias. É bicampeão da J-League, tri da Copa do Imperador, bi na Liga dos Campeões da AFC dentre outros títulos. 

Além disso, o time tem o mando de campo de um dos mais belos estádios do Japão, o Saitama Stadium 2002, onde o Brasil bateu a Turquia por 1 a 0, no penúltimo desafio da bem sucedida campanha do penta. Aliás, o estádio com capacidade para cerca de 63 mil torcedores também é aberto para visitas guiadas que podem ser agendadas por telefone.

Saitama Stadium 2002
Saitama-ken Saitama-shi Midori-ku Misono 2-1
埼玉県さいたま市緑区美園2丁目1
048-812-2002
www.stadium2002.com

 

7 Visitar a Pequena Edo

Edo é o antigo nome de Tóquio. Kawagoe, a primeira municipalidade a ganhar status de cidade na província de Saitama, não é chamada de Pequena Edo por acaso. Sua história é intimamente ligada à da capital japonesa. Durante o xogunato Tokugawa, a localidade era uma importante fornecedora de produtos para Edo. Kawagoe era tão valorizada pelo xogum que a cidade tinha um castelo e homens de sua confiança foram nomeados senhores da região.

No final do século 19, Kawagoe sofreu um grande incêndio e boa parte das estruturas foi destruída. As novas construções foram refeitas no estilo kurazukuri, com paredes e janelas reforçadas e pintura preta no exterior, proteção extra contra novos incêndios, incluindo aí as lojas que não costumavam ser construídas com tamanha proteção. Tudo isso graças à riqueza dos comerciantes da região.

Infelizmente, a rua com mais casas no estilo antigo é, também, uma importante via de circulação para a cidade que até chegou a testar a interrupção do tráfego de veículos por ela. Esse passa-passa de carros e ônibus acaba, de certo modo, tirando o charme e dificultando a apreciação das casas. Ainda assim, a arquitetura de Kawagoe é tão distintiva na região urbana de Kanto que a cidade recebe um fluxo considerável de turistas por ano.

Não muito distante da via principal, fica a Torre do Sino que toca quatro vezes por dia (às 6 da manhã, ao meio-dia, às três e às seis da tarde), mantendo a função que tinha desde o Período Edo que era informar as horas aos moradores da região. A torre original foi consumida no incêndio de 1893, sendo reconstruída um ano depois. Com três andares e 16 metros de altura, a construção se destaca na área antiga da cidade.

Nas cercanias da torre fica o Kashiya Yokocho, o Beco dos Doces, uma ruazinha estreita cheia de lojas de doces tradicionais japoneses. A ruazinha teve um papel interessante logo depois do Grande Terremoto de 1923, que devastou a capital japonesa. Devido à proximidade com Tóquio, as lojas do Kashiya Yokocho começaram a receber abruptamente pedidos de doces para abastecer a região em reconstrução. Com isso, o comércio começou a prosperar e, no início do Período Showa, mais de 70 estabelecimentos especializados em doces existiam na ruela. Hoje, são apenas cerca de 20, mas o local ainda é interessante para quem gosta de provar aqueles docinhos com gosto de avó.

Kawagoe também é a terra de origem de uma das mais conhecidas marcas de cerveja artesanal do Japão, a Coedo. Com interesse em produzir de forma sustentável, a empresa acabou criando a primeira cerveja de batata doce do mundo, usando justamente a raiz produzida na cidade. A receita dessa imperial amber foi sendo aprimorada e hoje a Beniaka é um dos destaques da carta de cervejas da Coedo e pode ser consumida em todo o Japão.

Kawagoe – Bairro das Casas no Estilo Kurazukuri
Saitama-ken Kawagoe-shi Teramachi 15-7
埼玉県川越市寺町15-7

8 Ver a florada dos shibazakura

O shibazakura é uma espécie de planta rasteira que floresce no Japão nos meses de abril e maio. O nome “sakura” não está ali por acaso. As flores do shibazakura são cor de rosa como as das cerejeiras e sua floração também é um espetáculo. O melhor local para apreciar essa florada é o Parque Hitsujiyama, na cidade de Chichibu. São mais de 40 mil pés, de 9 diferentes espécies, espalhados numa área de mais de 17 mil metros quadrados. Tudo rosinha e lilás. Além disso, o parque oferece, dentre outras atrações, uma bela vista para a cidade de Chichibu e um espaço onde as crianças podem conhecer como é uma criação de ovelhas, hitsujiem japonês.

Parque Hitsujiyama – Shibazakura no Oka
Saitama-ken Chichibu-shi Omiya 6360
埼玉県秩父市大宮6360
0494-26-6867
www.city.chichibu.lg.jp/1853.html

9 Fazer rafting entre paredões de pedra

Nos fins de semana e feriados entre os meses de abril e dezembro um apito diferente ecoa no ar. É o Paleo Express, uma locomotiva a vapor que relembra os tempos nostálgicos do pós-guerra. Esse é o transporte usado por muitos turistas para conhecer uma das mais belas áreas naturais da região de Kanto, o Parque Provincial Natural Nagatoro Tamayodo.

Cortada pelo Rio Arakawa, a pequena cidade de Nagatoro fica inteira dentro dos limites desta área de preservação ambiental. As belezas naturais atraem cerca de 200 mil visitantes por ano para a localidade de pouco mais de 7 mil habitantes. Passear num pequeno barco pelo rio é um dos passeios que mais encantam os turistas. Comandadas por dois experientes condutores, as pequenas embarcações correm rio abaixo, passando por corredeiras. Essa é a versão do passeio com pouca emoção. Os mais aventureiros podem escolher o rafting, indicado até mesmo para os menos experientes. A experiência é de tirar o fôlego e não é somente por conta das corredeiras. Em Nagatoro, o Rio Arakawa corre numa estreita formação com paredões de até 80 metros de altura. Na margem esquerda do rio, fica a área conhecida como Iwadatami, algo como “tatami de pedra”. Isso porque o assoalho do paredão é plano. O local parece um calçamento feito pelo homem e lembra os tatamis das casas japonesas, uns encaixados nos outros. No alto do Iwadatami, é impossível resistir àquele ímpeto de fazer aquela foto que vai direto para o Instagram.

Outro local completamente insta-bae é o pico do Monte Hodo, acessível pelo teleférico que fica ao lado do Santuário Hodosan. Este templo, aliás, tem uma lenda interessante. Conta-se que ele foi fundado por Yamato Takeru, filho do imperador Keiko que governou o Japão por algumas décadas entre o primeiro e o segundo séculos da nossa era. Takeru teria sido tão violento que seu pai o despachou para o interior para que ele pudesse botar para fora toda essa energia enfrentando tribos selvagens e fundando santuários. A lenda continua dizendo que o cara chegou até a base do Monte Hodo e encontrou um poço, justamente no local onde hoje fica o templo. Takeru bebeu água do local e decidiu subir o morro. Acontece que, no meio do caminho, um incêndio começou, ameaçando o príncipe e seus acompanhantes. De repente, um grupo de cães apareceu e apagou o fogo, salvando a vida do grupo. Depois do ato de coragem, os cães desapareceram no ar e Takeru entendeu que tinha sido um milagre. Assim, o homem decidiu criar na base da montanha o Santuário Hodosan e, nos dias de hoje, os fiéis fazem suas preces no local pedindo proteção para a família e, claro, contra incêndios.

No topo do Monte Hodo, fica um jardim que floresce no final do inverno com pés de pimenta-da-jamaica e ameixa. As pequenas flores amarelas das pimenteiras exalam um perfume doce e trazem elegância e um certo ar etéreo para a encosta da montanha. As pimentas florescem em fevereiro enquanto as ameixeiras ficam em flor entre o meado de fevereiro e o final de março.

Nagatoro
Saitama-ken Chichibu-gun Nagatoro
埼玉県秩父郡長瀞町長瀞

10 Conhecer a história das ferrovias no Japão

Os japoneses adoram trens e têm razão para isso. O país tem uma extensa malha ferroviária que foi um dos motores de sua integração e desenvolvimento. Poucos lugares do mundo podem se orgulhar de trens e ferrovias em tão bom estado de conservação e funcionamento. Pontualidade e eficiência são a marca registrada dos trens no Japão.

Por isso que uma visita ao Tetsudo Hakubutsukan Museu Histórico das Ferrovias em português — é um deleite. Primeiro pelo acervo. São 36 máquinas aposentadas em exposição, uma coisa de louco para quem é fã de trens. O visitante pode entrar, ver como os vagões eram na época em que estavam em atividade e sentir a nostalgia no ar. Além disso, podem acompanhar in loco a evolução dos trens, comparando design e outros itens. Sim, porque estão lá, cara a cara com você, da locomotiva a vapor até o Shinkansen. Uau!

Além disso, uma série de espaços de exposição conta a história, o agora e o futuro das ferrovias japonesas e do mundo. Infelizmente, não há nada em português, o que não seria novidade. Mas vale a pena ‘gambattear’ no japonês para não perder nada. Outro ponto de destaque é o diorama, uma maquete com trens em movimento. O diorama do museu é o maior do Japão e tem 23 metros de comprimento e 10 metros de extensão. Dá para ficar horas ali só vendo os trens em miniatura passarem.

Mas o ponto alto da viagem fica, sem dúvida, com os simuladores. São cinco em que você pode ser o maquinista e um no papel do condutor, a pessoa que abre e fecha as portas dos trens. Os simuladores são extremamente disputados e as filas costumam ser longas. De todos, somente o da locomotiva D-51 requer pagamento adicional de ¥500. Dá para passar um dia inteiro e não ver tudo. São tantas atrações que fazem do museu, literalmente, uma viagem.

The Railway Museum (鉄道博物館)
Saitama-ken Saitama-shi Omiya-ku Onari-cho 3-47
埼玉県さいたま市大宮区大成町3-47
048-651-0088
www.railway-museum.jp

 

Conteúdo cedido por JP Guide 

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Conheça Tochigi

Parte de um seleto grupo de 8 províncias que não têm acesso ao mar, Tochigi é conhecida nacionalmente por ser o lar do Toshogu, um dos mais exuberantes santuários xintoístas de todo o país, dedicado a Tokugawa Ieyasu, o xogum que entrou para a história como unificador e pacificador do Japão. Acontece que a província vai muito além disso. As localidades de montanha, por suas temperaturas mais amenas, são populares refúgios de verão, em especial para a população que vive em Tóquio. Nessas mesmas áreas, o outono exibe suas cores de forma intensa e ostensiva, criando paisagens instabae, ou seja, merecedoras de compartilhamento no Instagram.  Além, é claro, da primavera onde as flores nascem selvagens e em jardins super bem cuidados como o Ashikaga Flower Park. Isso tudo sem contar com a gastronomia! Com uma larga variação climática ao longo do ano e das diversas áreas da província, Tochigi é conhecida também pela produção agrícola e pelos pratos com carne de caça. Dos morangos plantados nas encostas e vales até o gyoza de Utsunomiya, sempre na lista dos melhores do Japão, a província é um paraíso para quem curte comer bem. Neste blog vamos te deixar com dicas imperdíveis para curtir Tochigi ao longo do ano. Confira!

Sagrado Onsen

Durante suas viagens pelas montanhas de Nikko, o monge fundador Shodo Shonin fez diversas descobertas. Uma delas foi uma fonte de águas termais na localidade hoje conhecida como Yunomoto Onsen, às margens do Lago Yunoko, um tributário do Lago Chuzenji. Foi ali que ele tirou um merecido descanso e cuidou da fadiga, tomando banho nas águas termais e adorando Yakushi Nyorai, o buda das curas e da medicina.

Passado o tempo, o local passou a ser tratado como um espaço sagrado e recebeu um templo que hoje é chamado de Onsenji, algo que pode ser entendido como “Templo das Águas Termais”. O local foi ficando tão popular como espaço de cura que, já no Período Edo, era preciso receber autorização do monge-chefe do Templo Chuzenji e o administrador de Nikko para entrar em suas águas termais. Atualmente, porém, o acesso é mais simples e a visita é possível a qualquer pessoa, entre o final de abril e o final de novembro de cada ano. Raramente se vê muito movimento nos pequenos banhos (¥500/1 hora de uso) de madeira do local, um para homens e outro para mulheres. O pequeno templo é também uma joia que costuma ficar aberta à visitação. Além disso, os mais iniciados podem solicitar uma experiência de shakyo (¥1000), a cópia dos sutras.

 Não deixe de visitar, também, a área ao redor do templo. Trata-se de um descampado que lembra um pequeno pântano, só que de fontes de águas termais. Servido por pontes de madeira, o espaço aberto e tranquilo é repleto de casinhas que são as fontes de onde os ryokan da região extraem as águas usadas em seus banhos. Ainda que esses brotos d’água sejam protegidos e não possam ser vistos, em todo o local é possível ver borbulhas de água quentinha brotando do chão. É a força da natureza que também pode se expressar de formas bem delicadas.

Em Yumoto, as fontes das águas termais também dão um espetáculo

Yunishigawa Onsen – Heike no Sato

Tochigi-ken Nikko-shi Yunishigawa Onsen 1042

栃木県日光市湯西川温泉1042

tel: 0288-98-0126

www.heikenosato.com

 Onsenji

Tochigi-ken Nikko-shi Yumoto 2559

栃木県日光市湯元2559

tel: 0288-55-0013

www.rinnoji.or.jp/temple/onsenji/

Tochigi sagrado onsen

 

PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

Destino mais popular da província, Nikko é lar de construções que são Patrimônio da Humanidade

Já no século 8, Nikko entra no mapa de espaços sagrados do Japão pelas mãos de Shodo Shonin, um monge que dedicou a vida a estudar e vivenciar o budismo. Como resultado de suas práticas ascéticas, Shodo explorou as montanhas da então província de Shimotsuke, dentre elas os montes Nyoho e Nantai e no sopé deste último fundou, em 766, seu primeiro templo, o Shihonryu, hoje conhecido como Rinnoji. No ano seguinte, seria a vez do Santuário Futarasan, vizinho do templo anterior. Naquela época, budismo e xintoísmo eram praticados simultaneamente e não havia separação formal entre as duas religiões. Mas o objetivo de Shodo Shonin era chegar ao topo da montanha e chegar na região onde fica o Lago Chuzenji, feito que levaria quase 20 anos para ser alcançado. Em 784, o monge funda o templo que dá nome ao lago, além de inúmeras outras capelas e construções.

TOCHIGI

Quando a localidade foi escolhida para acolher o mausoléu do Tokugawa Ieyasu, o xogum que unificou o Japão e iniciou o chamado Período Edo, já era uma bem estabelecida montanha sagrada. Com a construção, em 1671, do Toshogu, completa-se o conjunto de três complexos religiosos — Templo Rinnoji, Santuário Nikko Futarasan e Santuário Nikko Toshogu — tombados em 1999 como Patrimônio da Humanidade sob o título de Templos e Santuários de Nikko. De arquitetura excepcional, os locais contam ainda a seu favor com a exuberância da natureza que os circundam. As construções atraem dezenas de milhares de turistas todos os anos, que podem admirar os quase 400 anos de história da Ponte Shinkyo no caminho rumo a um dos mais importantes espaços de adoração do Japão. Parte do Rinnoji, o Taiyu-in é o mausoléu de outro membro do clã Tokugawa, Iemitsu.

Mais antigo dos três espaços tombados, o Rinnoji tem como destaque o Sanbutsu-do (¥400), o principal prédio do templo budista. Datada de 1645, a construção foi erguida sob as ordens do neto de Tokugawa Ieyasu, Iemitsu, e está tinindo de novo depois de um longo processo de restauração. Considerado a maior estrutura de madeira do leste do Japão, o salão abriga três imagens de 7,5 metros de altura e alto valor histórico e religioso. São estátuas folheadas a ouro de Amida (o Buda Celestial), de Senju Kannon (a Deusa da Misericórdia com uma centena de braços) e de Bato Kannon, que tem a cabeça de um cavalo. As divindades são consideradas manifestações budistas dos três kami a quem é consagrado o vizinho Santuário Futarasan. Quem se interessa por arte sacra não pode deixar de visitar também o Homutsu-den (¥300), uma espécie de museu com pinturas, esculturas, obras de caligrafia e outros itens de importante valor histórico e cultural.

Também no espaço do Rinnoji fica o Taiyu-in Reibyo (¥550 ou ¥900, preço promocional que inclui o Sanbutsu-do), o mausoléu de Tokugawa Iemitsu que, apesar de ser um santuário xintoísta, é administrado pelo templo budista. Descrito como “uma obra de arte da arquitetura e da decoração” pelo comitê que designa os Patrimônios da Humanidade, o espaço dá uma ideia do que o visitante vai encontrar no vizinho Toshogu.

Descanso Eterno

Um dos mais belos santuários do Japão, o Toshogu é a morada eterna do xogum Tokugawa Ieyasu. Sem sombra de dúvidas, a construção mais conhecida — e simbólica — de Nikko é o Toshogu, um santuário xintoísta cuja primeira construção data de 1617, no ano seguinte da morte de Tokugawa Ieyasu, a quem o local é consagrado. Mas a magnificência que pode ser vista até os dias de hoje foi uma herança de seu neto, Iemitsu, que não somente criou um vasto santuário para o avô como, também, estimulou sua adoração através de procissões que começavam ainda em Edo, a atual Tóquio, e passavam pela Nikko Kaido e pela Alameda dos Cedros, considerada hoje a mais extensa avenida arborizada com seus 35,41 quilômetros de extensão. Cerca de 200 mil pés desta que é a árvore nacional do Japão foram plantados na época da construção do santuário, dos quais cerca de 13 mil sobreviveram ao desmate que aconteceu nos anos que antecederam o Período Meiji e após.

Antes da passagem pelo primeiro portal, é possível ver um dos destaques da construção, uma pagoda com cinco andares, cada um deles representando um dos elementos: terra, água, ar, fogo e éter, de baixo para cima. A construção original foi doada por um daimyô, senhor feudal, em 1650. Porém, um incêndio a destruiu em 1815 e sua reconstrução foi inaugurada três anos depois. Visitar a pagoda é possível em algumas épocas do ano por um valor extra. A pagoda é somente uma das inúmeras surpresas do Toshogu

Logo após a pagoda, passando o portal, começa a área paga do santuário (¥1300). Não se assuste com o preço. A visita vale cada centavo. Os primeiros prédios que podem ser vistos são chamados coletivamente de Sanjinko. Trata-se de três armazéns ricamente decorados com trabalhos de talho em madeira, incluindo os chamados Elefantes Imaginários, do escultor Kano Tanyu que nunca viu um elefante de verdade para realizar a obra. O local é usado hoje para guardar os ornamentos usados nos festivais de primavera e outono do santuário.

Na frente do Sanjinko, fica o Santo Estábulo. Neste prédio ficam as esculturas mais famosas do Toshogu, os Três Macacos Sábios, aqueles que “não veem, não falam e não ouvem coisas más”. Estas e outras imagens de macacos representam aspectos da vida cotidiana e diz-se que funcionavam como uma espécie de instrução, em especial para crianças e jovens. Três macacos sábios, uma das esculturas mais conhecidas do Toshogu.

Depois do lavatório, fica uma escada que leva ao Yomeimon, um dos mais decorados portais de santuário do Japão. A construção ganhou a alcunha de Portal do Pôr do Sol porque se dizia que era possível passar o dia todo admirando seus inúmeros entalhes, até o sol se pôr, sem se cansar. São cerca de 500 esculturas mostrando cenas do dia a dia, anedotas, crianças brincando, homens sábios e outros personagens.

O Gohonsha é o prédio principal do santuário e, ao contrário do que ocorre na maioria dos locais semelhantes, é possível visitá-lo por dentro. Não é raro que algum ritual seja realizado no horário da visita e a participação dos visitantes costuma ser permitida.

Seguindo na direção do mausoléu de Tokugawa Ieyasu, o visitante deve passar por um portal onde se pode ver o Nemurineko, um entalhe de um gato se banhando na luz do sol (origem do nome Nikko), cercado de peônias. A imagem do mestre Hidari Jingorou é uma das mais conhecidas do santuário, mas é fácil passar batida. Quando você entrar no portal vindo do Gohonsha, olhe para cima. É provável que a maioria dos visitantes esteja fazendo a mesma coisa.

Seguindo pelas escadas, são cerca de 5 minutos até o local onde fica a tumba do xogum. Cercada de verde, a área é tranquila e convida à reflexão. Ao descer, não deixe de visitar também o Honji-do, um salão secundário onde fica o chamado Pranto do Dragão. Na parte interna, pode-se notar um enorme dragão desenhado no teto do salão. Monges usam duas placas de madeira para produzir um som que, por conta da acústica da sala, remete ao choro do animal lendário. Interessante.

Santuário das Montanhas

Entrada do Santuário Futarasan, dedicado às montanhas de Nikko

Fechando o ciclo dos três complexos na lista de Patrimônios da Humanidade está o Santuário Futarasan, fundado em 782 também por Shodo Shonin, o mesmo que erigiu o Rinnoji. É este o espaço consagrado às três divindades representadas no templo budista: Okunininushi (o pai), Tagorihime (a mãe) e Ajisukitakahikone (o filho). Ambos também são representados na paisagem de Nikko pelos Montes Nantai, Nyoho e Taro.

A adoração das três montanhas é um vestígio da relação do xintoísmo com a natureza. O pico do Nantai, a maior das montanhas e fonte de água para a população que vive nas partes mais baixas, é considerado o go-shintai do santuário, ou seja, uma referência sagrada de vida e fertilidade, marcada por uma pequena construção em seu topo. Outro pedaço do santuário fica às margens do Lago Chuzenji e marca a entrada da rota para o alto da montanha. Se seu objetivo é subir, reserve um dia inteiro para esse passeio. Do início da trilha são mais 1200 metros de subida íngreme, em rota bem pedregosa, não adequada para pessoas sem experiência com montanhas.

Quem visita a área do Chuzenji não pode deixar de ver a Cachoeira Kegon, uma queda d’água que se inicia no lago e desce por 100 metros, formando uma bela vista. Além de ver a cachoeira de perto (¥550), é possível apreciá-la do alto de Akechidaira, um platô que permite uma visão de tirar o fôlego incluindo o lago, a Kegon e as montanhas da região. O local só é acessível pela Irohazaka, uma rodovia que liga a área do Patrimônio da Humanidade à Oku-nikko, onde fica o Lago Chuzenji. A estrada é dividida em dois segmentos que correm em partes distintas da montanha. Por isso, só consegue ter acesso à Akechidaira os carros que seguem na direção Nikko – Oku-nikko. Da base do platô, é preciso subir no teleférico (¥730, ida e volta) para ter acesso à vista. Vale muito a pena em qualquer estação mas, no outono, o koyo (a caducagem das folhas das árvores decíduas) deixa tudo muito mais lindo.

O teleférico de Akechidaira leva a uma das mais belas vistas do Lago Chuzenji

Chuzenjiko,jpg

Do alto do Akechidaira, a vista do Lago Chuzenji e da Cachoeira Kegon

TOCHIGI – PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE

Nikko-san Rinnoji

Tochigi-ken Nikko-shi Sannai 2300

栃木県日光市山内2300

www.rinnoji.or.jp

Nikko Toshogu

Tochigi-ken Nikko-shi Sannai 2301

栃木県日光市山内2301

www.toshogu.jp

Santuário Futarasan

Tochigi-ken Nikko-shi Sannai 2307

栃木県日光市山内2307

Elevador para a Cachoeira Kegon

Tochigi-ken Nikko-shi Chugushi 321-1661

栃木県日光市中宮祠321-1661

Teleférico de Akechidaira

Tochigi-ken Nikko-shi Hosoomachi 709-5

栃木県日光市細尾町709-5

tel.: 0288-55-0331

www.nikko-kotsu.co.jp/ropeway/

FLORES EM VOCÊ

Parque em Ashikaga tem flores e outras atrações o ano todo!

Se as cerejeiras são, definitivamente, as rainhas da primavera, o posto de princesa está em aberto. Há os que prefiram as ameixeiras ou os pessegueiros, antecessores da sakura na ordem de floração. Mas não é preciso dizer que as glicínias também estão no páreo. As flores de cor lilás estão entre as prediletas em parques de flores do país, em especial pelo efeito cachoeira que as árvores criam quando floridas.

Fica em Ashikaga, bem na divisa com a província de Gunma, um dos locais mais populares do Japão para a apreciação das glicínias, o Ashikaga Flower Park. Adornado com centenas de árvores floríferas, o destaque fica, sem dúvida, para a glicínia roxa de mais de 150 anos que ocupa uma área equivalente a 600 tatami, cerca de 1000 metros quadrados. Além disso, um túnel de 80 metros de comprimento com glicínias brancas costuma encantar os visitantes. Sem contar, ainda, com as diversas outras espécies e com a iluminação noturna, um conjunto de atrações que mereceu até destaque na emissora norte-americana CNN dentre as 10 atrações turísticas do mundo a serem visitadas.

 

TOCHIGI – FLORES EM VOCÊ

Fique de olho nas épocas de floração de cada espécie. O parque tem atrações o ano todo, inclusive no inverno quando as flores dão lugar a um espetáculo de luzes. Mas não deixe de checar a página do local antes de fazer a sua visita.

Ashikaga Flower Park

Tochigi-ken Ashikaga-shi Hasamacho 607

栃木県足利市迫間町607

tel: 0284-91-4939

www.ashikaga.co.jp

Conteúdo cedido por JPGuide

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Conheça Gunma

Gunma é subestimada. Apesar do enorme potencial industrial de algumas de suas cidades, a província pouco é lembrada quando o assunto é turismo. Acontece que, cercada de montanhas, Gunma é cheia de atrações quase desconhecidas o que, em tempos de overturismo, é uma grande vantagem. Enquanto visitantes já disputam espaço de forma quase feroz em localidades como Tóquio e Kyoto, quem escolhe passear em Gunma tem muito mais chances de curtir a viagem com tranquilidade e sem atropelos. Isso mesmo quando estamos falando de Kusatsu Onsen, talvez o local mais conhecido da província.
Aliás, com tantos vulcões ativos nas redondezas, não é difícil associar Gunma às águas quentes. Ikaho, Shima, Isobe, Oigami, Manza… A lista de estâncias de águas termais é longa. Mas as atrações turísticas da província são bem mais variadas e nós selecionamos algumas delas.
Por exemplo, quer saber de onde vem a vocação industrial de Gunma? Que tal conhecer o complexo de fabricação de seda de Tomioka? Fundada como um espaço modelo de produção no reinado Meiji, a fábrica foi tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade.
Folclore e tradição também não faltam na província. Takasaki, uma de suas maiores cidades, é o lar de uma das figuras mais conhecidas do Japão, o daruma, aquele bonequinho meio gordinho fabricado sem as pupilas. Existe um templo na cidade que faz parte da história desse mito. Tengus, os guardiães da montanha, também são reverenciados em Gunma, onde existe o único festival do Japão com andores na forma dessa figura nariguda.
Neste blog a gente quer te mostrar que não existe uma só Gunma para você viajar. São várias opções, com características bem peculiares que, com certeza, vão encantar e te fazer querer voltar para conhecer mais. Confira!

1 –  Uma cidade com cheiro de enxofre

Considerada uma das melhores estâncias de águas termais do país, falar em Gunma é se lembrar de Kusatsu Onsen para a grande maioria dos japoneses. Conhecida há séculos, diz-se que a água que jorra em abundância no local cura tudo, menos males de amor. O cheiro leve de enxofre parece não incomodar os moradores nem os visitantes. Aliás, é difícil não se apaixonar pela cidadezinha que, bem em seu centro, tem uma corredeira de águas termais, uma das atrações mais instagramáveis de Kusatsu. Trata-se do Yubatake que jorra 5 mil litros por minuto e é considerada uma das fontes mais termais de água mais abundantes do país. Brotando do chão a uma temperatura de cerca de 70 graus, a água lança no ar um cheiro leve de enxofre e, para resfriar, ela passa por dutos feitos de madeira. Em seguida, é levada através de tubulações às diversas pousadas da cidade, algumas delas com dezenas de anos de histórias. Você nem precisa sair da fonte para sentir qual é a das águas que jorram por ali. Bem no entorno fica um ashiyu, um escalda-pés público e gratuito. Leva a sua toalhinha e aproveite.
Bem em frente ao Yubatake fica uma série de atrações que valem a sua visita. O Netsunoyu é uma delas. Uma espécie de espaço cultural, o local abriga o Yumomi, o método aplicado para o resfriamento das águas termais no passado. Muitas estâncias temperam a água quente com o líquido resfriado para chegar a uma temperatura mais adequada para o banho. No passado, uma forma de evitar essa mistura era mexer a água com tábuas grandes, serviço feito por jovens senhoras que, enquanto resfriavam o tanque, cantavam e dançavam. No Netsunoyu, o Yumomi é realizado seis vezes ao dia, entre às 9:30 e às 16 horas. A entrada custa ¥600.
Ir até Kusatsu e não entrar num onsen é um verdadeiro sacrilégio. No entorno do Yubatake ficam diversos banhos para quem está somente de passagem pela cidade. Dois deles têm chamado a atenção pela arquitetura simples mas muito elegante. São o Otakinoyu e o Gozanoyu. Ambos os espaços são construídos em madeira, o que traz aconchego ao ambiente e ajuda no momento de relaxar.

NOVE EXPERIÊNCIAS SENTIR EM GUNMA

O Otakinoyu é descrito em seu próprio site como um banho “recentemente renovado” e com “pilares de madeira que alcançam o teto e se assemelham a árvores altas eretas no meio da neblina, já que o vapor das águas termais as envolve, trazendo a sensação de estar ao ar livre”. Descrição mais precisa, impossível. Mas não é só isso. Quem visita o Otakinoyu também pode experimentar um método de banho conhecido como awaseyu, que nada mais é do que fazer uso alternado de diversos banhos com diferentes temperaturas, começando a partir da mais baixa que, no local, é de 38 graus. Acho que vale ressaltar que o banho mais quente tem 46 graus e, para dizer a verdade, é quente para caramba! Além do awaseyu, o espaço conta com uma piscina grande e um banho externo, rotemburô em japonês. Homens e mulheres se banham em espaços distintos, mas quem quer ter privacidade a dois ou com a família pode reservar um banho privado com acessibilidade para portadores de necessidades especiais. O espaço privado custa ¥2000/hora. O Otakinoyu também oferece serviços de massagem e tem um café e restaurante.
Outro local para se aliviar do estresse fica no meio da natureza, a cerca de 15 minutos de caminhada do Yubatake. O Sainokawara é um parque localizado numa ravina cortada por um córrego com diversas fontes de águas termais. O tranquilo passeio na clareira cercada de verde pode ser interrompido por paradas para aquecer os pés nos inúmeros ashiyu do local e culmina num espaço com um banho a céu aberto, no meio das árvores, o Sainokawara Rotemburô. O local é bem simples, mas muito espaçoso e conta apenas com um dos dois banhos, masculino e feminino, e os respectivos vestiários. Vale super a pena a visita.
Voltando ao centrão da cidade, logo após o parque, não deixe de dar uma olhada nas lojinhas que ficam no caminho. Kusatsu é uma região de produção tradicional de produtos em vidro e os delicados itens de cozinha e decoração são aquele tipo de lembrança sem cara de souvenir.  Se a fome apertar, a ruazinha oferece ovos cozidos nas águas termais, o onsen tamago. Outra iguaria local é o manju, um bolinho de massa de farinha de trigo recheado. Comum em todo o país, em Kusatsu o manju ganha cozimento no vapor termal e, em alguns casos, a própria água cheia de minerais da localidade entra na receita da massa. Simples mas gostoso.
Outra opção gastronômica local é o maitake tempurá que, como o nome já entrega, é o tradicional empanado japonês de um cogumelo comum na região. Servido junto com o macarrão de trigo sarraceno sobá, o maitake tempurá é feito com cogumelos frescos e a técnica de fritura faz com que a casca seja fina e crocante. Uma excelente iguaria tradicional, à altura de um dia em Kusatsu.

2 – Uma fábrica que é Patrimônio da Humanidade

 

NOVE EXPERIÊNCIAS SENTIR EM GUNMA

Testemunha dos esforços do Japão em entrar na modernidade, a Fábrica de Fios de Seda de Tomioka foi inaugurada em 1872 para ser um espaço modelo de produção. No século 19, a seda bruta era o principal item de exportação do Japão. A demanda era tão grande que os produtores começaram a baixar a qualidade do produto para atendê-la. Isso acabou prejudicando a reputação do produto japonês no mercado externo e, por isso, o reinado Meiji decidiu trazer técnicas de produção francesas para o país e construir uma fábrica que pudesse servir como difusora de novas tecnologias entre os produtores locais. O prédio principal de tijolos com pilares de madeira está impressionantemente bem conservado para os seus quase 150 anos de história, e é o foco central da visitação. Nele é possível ver o maquinário original da época além de uma exposição que dá uma ideia de como era o processo de produção da seda e as mudanças econômicas pelas quais o país estava vivendo na época. Em 2014, o complexo e outras construções relacionadas a ele foram tombadas pela UNESCO e hoje são Patrimônio da Humanidade.

Fábrica de Fios de Seda de Tomioka
Gunma-ken Tomioka-shi Tomioka 1-1
9 às 17 horas (entrada até 16:30)
¥1000 (adultos), ¥250 (estudantes de ensino médio e universitários), ¥150 (estudantes de escola primária e secundária)

 

3 – Um templo cheio de darumas

 

EXPERIÊNCIAS PARA VOCÊ SENTIR EM GUNMA

Quem mora no Japão certamente já encontrou em templos por aí o Daruma, um bonequinho gordinho com os dois olhos brancos, sem o desenho da pupila. Pouca gente sabe que esse amuleto é a representação de um monge, Bodhidharma, que tem entre suas façanhas a fundação do budismo zen na China e a formatação do que hoje é conhecido como kung fu shaolin, uma vertente dessa arte marcial chinesa. O monge também era um grande propagador da meditação e diz-se que ele teria atingido o estágio de iluminação depois de 9 anos ininterruptos na prática. Bodhidarma teria levado tanto a sério a meditação que cortou as próprias pálpebras para não cair no sono. Além disso, com os anos em posição estática, seus membros teriam se atrofiado.
O monge, que pode ter nascido na Índia, não chegou a vir ao Japão, mas seus ensinamentos chegaram até o país. Em Takasaki, um religioso local fez desenhos de Bodhidarma  para adornar um pequeno templo local dedicado a Kannon, a deusa da misericórdia. No século 18, após uma grande fome, outro monge começou a distribuir entre os fiéis pequenos bonecos de madeira parecidos com o desenho que ornava o templo. Assim teria surgido o daruma, o amuleto que conhecemos hoje. A figura com os olhos grandes e o corpo arredondado — representando o sacrifício para alcançar a iluminação — é onipresente no Templo Shorinzan Darumaji, palco da história contada um pouco mais acima. Além dos prédios religiosos, o espaço abriga um museu com darumas de diversas naturezas. Nos dias 6 e 7 de janeiro, o templo recebe o Daruma Ichiba, um mercado com os bonecos feitos por diversos artesãos locais. O amuleto também é enraizado na cultura da cidade. Takasaki é a cidade que produz mais de 80% dos bonequinhos que você vê Japão afora.

Templo Shorinzan Darumaji
Gunma-ken Takasaki-shi Hanadaka-machi 296
9 às 17 horas
entrada franca

4 – Uma cidade bem brasileira

 

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Brazilian Town. É com essa alcunha que um pequeno município de Gunma está entrando no mapa turístico do Japão. Considerada a cidade com maior concentração de brasileiros do país, Oizumi é o lar de cerca de 4 mil brasileiros que correspondem a algo como 10% da população local e como a gente não vai a lugar nenhum se não for para causar, nossa população canarinha é bem visível. São inúmeros restaurantes e outros estabelecimentos criados, inicialmente, para que não nos falte o arroz e feijão de cada dia mas que vêm atraindo também os japoneses que, como nós sabemos, adoram comer coisas diferentes. Aliás, Oizumi também ganhou destaque recentemente num manual japonês de queijos de todo o mundo justamente com um legítimo representante brasileiro: o queijo minas. Andam rolando até excursões com japoneses vindo de diversas partes de Kanto para saborear o churrasco e a feijoada oferecida no local. E é assim, pelo estômago, que Oizumi, uma pequena cidade industrial, vai atraindo mais visitantes.

5 – Uma parada de estrada que vai além dos restaurantes

 

EXPERIÊNCIAS PARA VOCÊ SENTIR EM GUNMA

Banheiros, posto de gasolina, restaurante e loja de conveniência: é isso que você espera de uma boa parada na estrada, certo? Errado! Se você estiver em Gunma, pode esperar mais. Muito mais. No michi-no-eki Kawaba Den-en Plaza, tem fábrica de cerveja artesanal, padaria e uma charcutaria com salsicha e presunto feitos ali mesmo, com carnes produzidas localmente. O restaurante também oferece pratos com outros produtos locais como o sobá (trigo sarraceno) e o arroz premiadíssimo da região, o yukihotaka. Aliás, esse arroz é uma iguaria tão local que o único jeito de prová-lo é indo até Kawaba. Cultivado pelos moradores da vila como se fosse um filho, o yukihotaka é regado com água mineral e seu sabor é tão especial que o arroz já foi premiado diversas vezes. Já valeu a pena a parada? Não responda ainda. Para quê seguir viagem se você tem no local uma plantação de mirtilo para colher com a família, uma oficina para fazer seu próprio artigo de porcelana e pode até ver de perto uma locomotiva a vapor, a D-51? Pois é. Não é à toa que o Kawaba Den-en Plaza foi eleito, por cinco anos consecutivos, a melhor parada de estrada da região de Kanto.

michi-no-eki Kawaba Den-en Plaza
Gunma-ken Tone-gun Kawaba-mura Hagimuro 385

 

6- Um parque de lava

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Depois que o Monte Asama explodiu em 1783, o povo local ficou dias sem ver a luz do sol. Provavelmente, só depois de alguns dias deve ter notado que a lava quente formou um emaranhado rochoso, totalmente desorganizado. Por isso, eles deram ao lugar o nome de Onioshidashi, que pode ser entendido como “algo feito de qualquer jeito pelo capeta”. Séculos depois, o Asama segue imponente, à distância, dando suas broncas de vez em quando, a última delas em 2009 quando cinzas foram expelidas a uma altura de 2 quilômetros. Já o terreno coberto de lava endurecida virou um parque que atrai visitantes do mundo inteiro interessados em ações e paisagens vulcânicas. O local não decepciona. Além da vista deslumbrante, o local tem um santuário e um museu que explica o funcionamento dos vulcões. O Parque Onioshidashi é daquelas imagens que ficam na memória para sempre.

Parque OnioshidashI
Gunma-ken Agatsuma-gun Tsumagoi-mura Kanbara 1053
8 às 17 horas (entrada até às 16:30)
¥650 (crianças acima da escola primária e outros), ¥450 (crianças até a escola primária)

7 – Um festival narigudo

Todos os anos, no início de agosto, os moradores de Numata saem às ruas para o festival tradicional da localidade. Poderia ser mais um belo festival local se não fosse um detalhe: alguns dos mikoshi, andores portáteis, têm o formato do tengu, aquela criatura nariguda da cosmologia xintoísta. Os tengu são uma mistura de humanos com aves e protegem as florestas, que são suas casas. Por isso, não é incomum ver suas figuras narigudas nas entradas das matas.
NOVE EXPERIÊNCIAS PARA VOCÊ        Apesar de aparições anteriores, a história do andor do tengu começou em 1983 depois que a organização do festival decidiu por algumas mudanças nas consagrações do evento. Desde então, o mikoshi diferente passou a fazer parte do cortejo, em prol da proteção da família, da segurança no trânsito, da prosperidade nos negócios, dentre outros. Consideradas como zeladoras das famílias, as mulheres foram escolhidas para liderar o cortejo, carregando o andor durante a procissão. O Numata Matsuri é o único festival do país com essas características e rola nos arredores da cidade de Numata, dos dias 3 a 5 de agosto de cada ano.

NUMATA MATSURI
Gunma-ken Numata-shi Shimonocho 888

8 – Um brejo florido com repolho

NOVE EXPERIÊNCIAS PARA VOCÊEncravada entre montanhas, Gunma é cheio de lugares para quem gosta de caminhadas pela natureza. Nenhum é mais famoso que o Parque Nacional de Oze, localizado no nordeste da província, bem na divisa com Fukushima. Lá fica o maior brejo do Japão, Ozegahara. Brejo, em português, não tem uma conotação muito positiva já que virou sinônimo de lugar desolado. Acontece que este é um ecossistema riquíssimo, dominado por gramíneas e que atrai diversos tipos de pequenos animais, incluindo insetos como a borboleta. Eles se formam através do empoçamento contínuo da água das chuvas que escorre das montanhas, através de pequenos rios. A água empoçada, muitas vezes ricas em minerais, vai saturando o solo e formando um ambiente ideal para a sobrevivência. Ozegahara é, sim, um brejo e com muito orgulho.
Outro destaque do parque é a Ozenuma, uma lagoa que fica entre uma hora e meia e duas horas de caminhada na floresta, partindo de Ozegahara. Um caminho de madeira de cerca de 6 quilômetros de extensão circunda a lagoa e oferece excelentes oportunidades para boas fotos além, claro, da saudável caminhada. Esse é um dos lugares onde se podem ver as belezas vegetais mais famosas do parque: as flores de repolho. Com pétalas de uma cor que lembra um lírio branco, a flor em nada lembra a verdura, diga-se de passagem. A florada começa entre o final da primavera e o início do verão.
Localizado a mais de mil metros de altitude, o Parque Nacional de Oze tem trilhas muito bem cuidadas, com caminhos de madeira que tornam o local mais seguro e o passeio agradável. Além disso, os montes Shibutsu e Hiuchi formam uma bela paisagem de fundo para os visitantes. São várias as rotas que cortam o parque, a mais curta dura cerca de uma hora, a Hatomachitoge que leva até o lago. Quem diria, hein, que você um dia ia sair de casa para ver flor de repolho no brejo?

Trilha Hatomachitoge
Gunma-ken Tone-gun Katashina-mura Tokura

9- Um cortejo de samurais

No início do século 17, ainda nos primórdios do Período Edo, a família do famoso guerreiro Oda Nobunaga ganhou em batalha um domínio no sul da província de Gunma, numa localidade conhecida como Kanra. Ali, eles estabeleceram Obata, um vilarejo que se desenvolveu às margens das águas cristalinas do Rio Ogawa. O clã construiu um pequeno castelo, mais parecido com um palácio, para receber um dos descendentes de Oda, que se tornou o senhor da localidade. As ruínas do palácio, com seu muro de pedra, ainda podem ser vistas na localidade e algumas residências de antigos samurais estão bem preservadas e são abertas à visitação. Nessas casas, a delicada sofisticação dos jardins, regados à água captada diretamente do rio, contrasta com a violência associada aos guerreiros da época. Aliás, outro local que vale a visita é o Rakusan-en, um jardim considerado o único na província de Gunma construído por uma família de samurais. Com as montanhas ao fundo, as árvores do espaço compõem uma paisagem cheia de beleza e delicadeza. Durante o outono, a folhagem dos áceres vão mudando de cor fazendo do Rakusan-en um belo local para apreciar o koyo.
Mas é durante a temporada da floração das cerejeiras que o povo da cidade incorpora seus fundadores ancestrais numa parada de samurais que é um dos eventos que fazem parte do Obata Sakura Matsuri. Todos os anos, 200 “samurais” e outros personagens da era de ouro da localidade desfilam pelas ruas repletas de casas no estilo japonês e sob as flores de cerejeira. A procissão sai da frente do Rakusan-en.

Rakusan-en
Gunma-ken Kanra-gun Kanra-machi Oaza Obata 648-2
9 às 17 horas (entrada até às 16:30, de março a outubro)
9 às 16 horas (entrada até às 15:30, de novembro a fevereiro)
¥300 (crianças até a escola secundária não pagam)

Obs. Artigo original publicado em Novembro de 2019.

Conteúdo cedido por JPGuide.

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Conheça Ibaraki

Localizada ao norte de Tóquio, Ibaraki é a “última fronteira” de Kanto, a região mais populosa do Japão, centro econômico e político do país. Espremida entre o mar e a montanha, a província tem forte influência da capital nacional, mas também guarda uma certa brejeirice interiorana, que a aproxima da região vizinha de Tohoku. No interior, cidades montanhosas abrigaram castelos e residências de antigos senhores feudais e desenvolveram uma economia baseada na agricultura e no comércio local. Já o litoral é da pesca, abundante por conta do encontro de correntes marinhas que fazem o ambiente marinho local propício para diversas espécies de frutos do mar de alto valor comercial.

A proximidade com a capital também trouxe a indústria para Ibaraki. Diversas empresas importantes têm sua produção em algumas cidades da província, o que também acabou atraindo uma população brasileira que, segundo dados de 2018, é de 5870 habitantes. Além disso, Ibaraki também abriga um dos maiores polos científicos do Japão, concentrado na cidade de Tsukuba, onde a Agência Espacial Japonesa (JAXA) é o destaque.

Veja as dicas de passeios para você conhecer melhor a província.  Elas foram divididas por cidades de acordo com os temas. Ciência, história, cultura, gastronomia e natureza são alguns dos pontos que destacamos para surpreender você. Vem com a gente!

1 – A Cidade da Ciência

Quem embarca no moderníssimo Tsukuba Express e vai se aproximando do ponto final só tem algumas pequenas dicas de que está chegando numa cidade da ciência. Uma das estações tem nome de centros de pesquisa e da janela do trem é possível ver que tem algo em Tsukuba que é diferente das paisagens interioranas japonesas de outras regiões. Lar de uma das mais importantes universidades do Japão, a Tsukuba University, a cidade é uma das mais conhecidas da província de Ibaraki. Diz-se que a escolha do local para sediar a instituição foi feita porque Tsukuba é próxima de Tóquio o suficiente para se beneficiar do acesso ao centro econômico, científico e político do país mas ao mesmo tempo, longe o bastante para que a agitada vida toquiota não sirva de distração para estudantes e pesquisadores.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Dito isso, a ideia que fica é a de que Tsukuba é uma cidade modorrenta e cheia de nerds, certo? Depende! A primeira parte da afirmação passa longe de ser verdadeira. Apesar e por causa da vocação para a ciência, Tsukuba atrai gente do mundo todo à procura de conhecimento e, claro, de um pouco de diversão. Além dos próprios pesquisadores e estudantes, a cidade recebe gente comum que só quer saber mais. Cerca de 50 instituições de pesquisa científica da cidade abrem suas portas para a visitação pública. Já quanto aos nerds… Bem, podemos dizer que boa parte das pessoas que visitam a cidade tem um pezinho na nerdice. Afinal, que tipo de pessoa sabe apreciar melhor as maravilhas da ciência? Se você é assim, pode considerar que o vírus da nerdice já te infectou. Mas afinal, o que existe em Tsukuba que atrai tanto os amantes da ciência?

Para começar, fica na cidade o principal centro de pesquisas da JAXA, a Agência Aeroespacial Japonesa, que recentemente fez notícia mundo afora ao pousar não somente uma, mas duas vezes num asteroide em movimento. É possível para o visitante leigo conhecer um pouco da história dessa agência no Tsukuba Space Center, um centro de pesquisas que ocupa uma área de 530 mil metros quadrados, cercado de natureza e em plena produção científica.

Ver os laboratórios só é possível para pesquisadores registrados, mas visitantes com fascínio pelo espaço não se decepcionarão ao conhecer o Space Dome e o Planet Cube, duas áreas voltadas para a divulgação da pesquisa espacial japonesa e de sua história. Logo na entrada do domo fica o Dream Port, um modelo em escala 1/1.000.000 que dá uma ideia, por exemplo, de onde fica posicionado um dos principais satélites de comunicação japoneses. Seguindo mais adiante, uma série de itens, originais e réplicas, ocupam o enorme galpão e contam com detalhes as aventuras e conquistas japonesas no espaço sideral, inclusive a história e as descobertas da missão Hayabusa 2, aquela que fez dois pousos no asteroide. Além disso, é possível entrar numa versão em escala real do Kibo, o módulo experimental japonês na Estação Espacial Internacional. Do lado de fora do espaço, o visitante pode ver de perto um foguete real, o H II, com cerca de 50 metros de comprimento. Toda essa área tem entrada franca e as visitas são livres.

Quem quer se aprofundar ainda mais pode reservar uma tour à Sala de Controle do Kibo e ao Centro de Treinamento de Astronautas, nos quais é possível ver certas atividades em tempo real. Na visita, dá para saber mais sobre a profissão de astronauta, com informações sobre seleção, treinamento e cuidados com a saúde. São duas visitas guiadas por dia para quem vem fora de grupos. Adultos pagam ¥500 e estudantes até o ensino médio entram de graça. O agendamento antecipado é obrigatório. Grupos com até 20 pessoas também devem solicitar reserva e o preço da visita é de ¥10 mil. Os passeios guiados são feitos em língua japonesa. Tours em língua inglesa também estão disponíveis. Porém, é preciso reservar com muita antecedência, já que são poucos horários oferecidos nesta língua.

Vendo estrelas

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Nenhuma viagem até Tsukuba fica completa sem que você visite o Expo Center da cidade, um espaço aberto em 1985 para sediar uma exposição mundial de desenvolvimento científico. O tempo passou e o prédio, que também tem um foguete que pode ser visto da estação central da cidade, continua cheio de tecnologia de ponta para ver e principalmente para explorar.

O centro abriga veículos de diversas naturezas. O KAZ é um carro elétrico de alta velocidade e 8 pneus desenvolvido pela Universidade Keio. Já o Shinkai 6500 fica no segundo andar do prédio e é um módulo de exploração submarina. O JARE, por sua vez, parece familiar já que é um removedor de neve, mas a presença dele no local se deve ao fato dele ter sido usado na Antártica. Mas o veículo de maior destaque é, sem dúvidas, o H II, foguete que visitou o espaço por cinco vezes nos anos 90.

Semelhante ao módulo de lançamento que pode ser visto no Space Center da JAXA, o foguete não é a única atração espacial do Expo Center. O local é a casa de um dos maiores planetários do mundo, com uma cúpula de quase 26 metros de diâmetro e equipamentos de projeção digital de última geração. Também vale destacar o Sun Cruiser, o simulador de uma viagem ao sol. Aliás, interação e experimentação são as palavras de ordem no Tsukuba Expo Center. Afinal, quando você vai ter a chance de mover sem a ajuda de ninguém uma pedra de 50 toneladas? Sim, esse é o Yurugi-ishi, uma obra de arte e de ciência produzida para a exposição de 1985. Num momento em que a desinformação tem feito muita gente desprezar o conhecimento científico, nada como uma visita a uma cidade que leva a produção de ciência de ponta a sério.

JAXA – Tsukuba Space Center (JAXA筑波宇宙センター)

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10 às 17 horas (o Space Dome abre às  9:30)

entrada franca (Space Dome; tour guiada para estudantes até o Ensino Médio, pessoas de até 17 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e profissionais da educação acompanhando grupos de estudantes), ¥500 (a partir dos 18 anos, em tour guiada)

reserva obrigatória para grupos acima de 10 pessoas e para a tour guiada

Tsukuba Expo Center (筑波エキスポセンター)

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9:50 às 17:00 (entrada permitida até 30 minutos antes do fechamento)

fechado às segundas-feiras

¥410 (adultos) e ¥210 (crianças) ou, com o planetário, ¥820 (adultos) e ¥410 (crianças)

2 – A Cidade do Natto

Ame-o ou deixe-o. Com o natto é assim, não existe meio termo. Se para quem só conhece a gastronomia japonesa fora do Japão o peixe cru é um grande tabu, quem vive no país acaba descobrindo que o buraco é muito mais embaixo. Para muitos, o fundo desse poço é o natto, uma iguaria feita com soja fermentada, com um aspecto melequento e um cheiro forte que dificilmente costumam servir como atrativos para marinheiras e marinheiros de primeira viagem. Acontece que, para os japoneses de Kanto, o natto é quase uma instituição. Não existe café da manhã tradicional sem a iguaria que pode ser temperada com mostarda, shoyu e cebolinha. Puro ou acompanhando o arroz, o fermentado está sempre presente.

Mito, bem no centro da província, é a capital de Ibaraki. A pequena cidade de pouco mais de 210 mil habitantes também é a capital nacional do natto. A história da província com a iguaria vem de séculos atrás. Acredita-se que o natto tenha surgido em algum lugar na região de Tohoku, com a qual Ibaraki faz limite, e se espalhado pela vizinhança. Naquela época, era comum transportar comida embalada em palha de arroz.

Uma das histórias diz que um grupo de soldados estava cozinhando grãos de soja quando precisou fugir às pressas de um ataque inimigo. Para não perder a escassa ração, os homens embalaram os grãos já cozidos em palha de arroz e bateram em retirada. Tempos depois, ao abrir as embalagens para comer, a soja estava grudenta. Surgia, assim, sem muitas glórias, o natto. Os soldados fujões mostraram que coragem não lhes faltava e acabaram comendo o negócio assim mesmo. Eis que acharam bom e os homens acabaram por espalhar a receita. Isso deve ter acontecido no Período Heian, há mais de mil anos. Atualmente, sabe-se que os soldados fizeram bem em comer a iguaria. O natto é uma comida super nutritiva, contendo vitaminas, minerais como o ferro, fibras e outros daqueles itens indispensáveis para uma vida guerreira.

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A fermentação da soja para o preparo do natto é feita por uma bactéria chamada Bacillus subtilis natto. Carinhosamente chamado pelos japoneses de natto-kin, o micróbio gosta de viver na palha do arroz, facílimo de encontrar num país onde o cereal é a base da alimentação. Os antigos só tiveram que guardar a soja cozida nas palhas que sobravam da colheita do arroz e deixar a natureza trabalhar. Essa era a maneira de produzir o natto no passado. Hoje em dia, com a produção de massa, a bactéria é inserida já nas embalagens de isopor. Mas basta ir até Mito para ver o modo de produção tradicional da iguaria

Na estação central da cidade já dá para perceber que o natto é muito importante para os locais. O wara natto, a iguaria produzida na palha do arroz, pode ser comprado mesmo sem  sair da estação. Em frente à parada ferroviária, uma estátua do wara natto mostra mesmo que os mitoenses levam a iguaria à sério. O sucesso do natto de Mito começou no ano de 1900, quando a linha ferroviária Joban chegou à cidade, vinda de Tóquio. Na época, os visitantes eram apresentados ao wara natto já nas plataformas e não demorou muito para que o produto local fosse considerado de alta qualidade, diferente daquele consumido na capital do país. Ainda hoje o nome de Mito é ligado ao wara natto, algo que traz orgulho aos moradores da cidade.

Para conhecer de perto a produção tradicional de natto na cidade visite o Mito Tengu Natto Museum que fica a cerca de 400 metros da estação central. O espaço é administrado pela fábrica de mesmo nome que até os dias de hoje produz natto da forma mais tradicional, ou seja, na palha de arroz. No museu, é possível saber mais sobre a história do wara natto e os detalhes de sua produção, do passado até os dias de hoje. O espaço de exposição fica ao lado da fábrica, separado apenas por paredes de vidro. Isso quer dizer que é possível ver o pessoal trabalhando na iguaria. Quem sabe era uma oportunidade dessas que estava faltando para você incluir o natto na sua dieta?

====== BOX/DESTAQUE ===== 納豆と同じ枕に寝る夜かな

nattô to onaji makura ni neru yo kana

O nattô compartilha

o travesseiro comigo

Que noite de sono!

O poeta Issa (1763-1827) cantou o natto em diversos haiku. Neste, o autor mostra a importância da iguaria na dieta de sua época. =========

Tengu Natto Museum (納豆展示館)

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9:00 às 17:30 – entrada franca

 

3- A Cidade das Bonecas

Todo mês de março, o Japão inteiro é inundado com belos altares vermelhos onde se alinham bonecas que representam a corte imperial do Período Heian. Chamado de Hina Matsuri, o festival existe para celebrar as meninas da família e pedir por sua saúde e felicidade. Diversos locais em Ibaraki organizam programação especial para a época, mas nenhum se tornou tão conhecido quanto Makabe, atualmente um distrito da cidade de Sakuragawa.

Até bem pouco tempo atrás, a pequena Makabe era um município independente com um título curioso: cidade da pedra. Isso porque, há pelo menos 500 anos, os artesãos da cidade vêm se especializando na produção de belas lanternas de pedra, chamadas em japonês de ishidoro. Essas lanternas costumam ornamentar templos e santuários, além de jardins tradicionais. Desde o Período Meiji, o ishidoro de Makabe é apreciado como símbolo de refinamento e delicadeza.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
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Aliás, esses adjetivos poderiam muito bem se aplicar às antigas residências do local. Antes, uma cidade criada no entorno de um castelo, Makabe hoje brilha com cerca de 300 construções datadas dos Períodos Edo, Meiji e Taisho. Noventa e nove desses prédios são tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional. Dentre eles, está a Livraria Kawashima que servia como farmácia durante o Período Edo. Outra construção de destaque é a fábrica de saquê Nishioka, com seus 230 anos de história.

Cenário como este não poderia ser mais propício para as comemorações do Hina Matsuri. Em Makabe, elas começam no início de fevereiro e duram até o início de março, culminando no dia 3, data oficial do Hina. Apesar do sucesso, tudo começou há pouco mais de uma década. Naquela ocasião, cerca de 20 famílias abriram suas casas, tiraram suas coleções de bonecas das caixas e mostraram para os visitantes durante o mês da festividade. A adesão da comunidade foi imediata e, hoje, são cerca de 160 expositores, entre negócios e residências particulares, com bonecas hina de diversos formatos e materiais, algumas delas com séculos de história. Não podiam faltar, claro, as personagens hina feitas de pedra, material que deu nome à Makabe por muitos anos e, agora, ajuda a transformar a localidade na cidade das bonecas.

Festival Hina de Makabe (真壁ひな祭り)

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início de fevereiro até o início de março, com culminância no dia 3

transporte especial é oferecido a partir das estações de Tsukuba e Iwase durante o festival

entrada franca 

4- A Cidade das Carpas

Hitachiota, quase no litoral de Ibaraki, produz uma grandiosa exposição de carpas suspensas na Ponte Ryujin, considerada a maior passarela de ferro do Japão. Cerca de mil carpas são penduradas paralelas à ponte, cruzando o desfiladeiro, da última semana de abril até o meado de março.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província

Ornamento comum no antigo Dia dos Meninos (5 de maio), as carpas são as estrelas de uma lenda que conta que a espécie, ao nadar contra a corrente, se torna um dragão no final da jornada. No passado, esse tipo de jornada heroica era visto como coisa de garoto e, por isso, as famílias suspendiam carpas somente para os filhos homens.  Atualmente, cada uma das crianças da família ganha destaque e as orações são feitas para que meninos e meninas se tornem fortes como os dragões da lenda. Em Hitachi-ota, esse desejo é representado por carpas gigantes e multicoloridas que balançam ao sabor do vento no desfiladeiro. Poético!

Festival das Carpas do Desfiladeiro de Ryujin (竜神峡鯉のぼり祭り)

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final de abril até a segunda semana de maio

entrada franca

 

5 – A Cidade das Flores

Um dos lugares mais instagramáveis do Japão, o Hitachi Seaside Park é um parque público de 190 hectares na cidade de Hitachinaka no litoral da província de Ibaraki. Antes um aeroporto militar, o espaço foi ocupado pelas forças americanas no final da Segunda Guerra Mundial e utilizado como área de treinamento balístico. Com as mortes e acidentes ocorridos no local, os moradores se organizaram para solicitar o fim do uso militar do terreno, o que acabou ocorrendo em março de 1973, quando os americanos devolveram a área ao governo japonês. A partir daí, se decidiu pela criação de um parque coberto de flores, uma espécie de oração em prol da paz.

Geologicamente falando, o parque fica em cima de uma área de dunas depositadas ao longo dos milênios pelo Rio Kuji, que desemboca por ali, no Mar de Kashima, que nada mais é que o próprio Oceano Pacífico. Essa areia, deslocada pelos ventos abundantes, acabou se formando as diversas colinas da área que hoje abriga o parque. Por conta das correntes quentes e frias que se alternam ao longo do ano, espécies vegetais comuns no norte e no sul do planeta conseguem vingar na região, criando paisagens diferentes ao longo do ano.

 

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
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Colinas cobertas de um tapete azul são a imagem mais icônica do Hitachi Seaside Park. Do meado do mês de abril até o início de maio, 4,5 milhões de nemófilas florescem em Miharashi no Oka, atraindo, sem exagero, visitantes de várias partes do planeta. Chamadas em japonês de rurikarakusa, essas plantas são originárias da América do Norte e ocupam 3,5 hectares do parque. Elas chegam a 20 centímetros de altura e suas flores delicadas têm até 3 centímetros de diâmetro. Flores coadjuvantes na maioria dos jardins em seu local de origem, as nemófilas são as grandes estrelas na primavera do Hitachi Sea Side Park.

A partir de julho, o protagonismo muda e as Bassia scoparia começam a verdejar. Chamadas de kochia em japonês e mirabela em português, as plantas passam todo o verão com essa coloração. Até que, na entrada do outono, elas começam a mudar de cor. No meado de outubro, os quase 2 hectares dedicados a essa planta nativa do continente eurasiático ficam pintados de vermelho escarlate, um espetáculo que mobiliza milhares de visitantes de volta à Colina Mirahashi. Encontrada também no Japão onde é chamada de houkigusa, a mirabela produz nozes conhecidas pelos japoneses como tonburi. Elas são comestíveis e, na província de Akita, são chamadas de “caviar dos campos”. No parque, no entanto, não é permitido comer os tonburi.

Além das duas maiores estrelas, outras flores podem ser vistas no parque ao longo do ano. Mesmo no inverno, a época mais seca, uma espécie de tulipa pode ser apreciada por lá. Mas é a partir de fevereiro que o local começa a ficar colorido, com o florescer das ameixas. Em seguida, março e abril adentro, abrem os narcisos, a colza, as rosas, as tulipas e outras. O calendário anual das flores pode ser conferido no site do local (hitachikaihin.jp).

Porém, não é só de colorido que vive o Hitachi Seaside Park. Para as crianças, espaços como o Tamago no Mori Garden garantem a diversão. Ali, existe um trampolim que é capaz de drenar a energia da garotada mais agitada. Outro espaço preferido pelos pequenos é o Omoshiro Tube, um playground em forma de tubo que lembra uma montanha russa com seus 400 metros de comprimento e 19 diferentes subidas e descidas. No verão, é possível enfrentar o calor no Mizuasobi Hiroba, onde a garotada brinca em chafarizes e piscinas rasas. A enorme área pode ser percorrida por duas linhas de “trem” que circundam o local e até uma roda gigante foi instalada  para quem quer apreciar as flores de forma diferente.

Amantes de esporte também não ficarão descontentes. Duas pistas de BMX podem ser usadas pelos apaixonados por bicicross. Tanto as magrelas quanto os equipamentos protetores podem ser solicitados para empréstimo no local. Quem curte golfe pode usar uma das duas pistas disponíveis no parque, uma delas para iniciante. A cidade das flores é, também, um espaço de lazer e esportes.

Hitachi Seaside Park (ひたち海浜公園)

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9:30 às 17:00 (em alguns dias do ano, o parque abre mais cedo e fecha mais tarde)

De um modo geral, o parque fecha às segundas, no ano novo e em alguns dias na primeira semana de fevereiro. Antes de visitar, consulte o calendário no site hitachikaihin.jp para saber os horários de funcionamento.

¥450 (adultos e estudantes do Ensino Médio), ¥210 (a partir dos 65 anos); tíquetes para dois dias e passe anual também estão disponíveis

6- A Cidade do Peixe Feio

Beleza põe mesa no prato dos japoneses, isso já sabemos. Até o bentô mais ordinário do supermercado costuma ser muito bem apresentado. Em outras palavras, no Japão o pessoal sabe comer com os olhos. Se a beleza é regra para os pratos, o mesmo não pode se dizer para os ingredientes. Assim fosse, seria difícil que alguém se deixasse seduzir pela aparência do anko, conhecido em português como tamboril, uma das criaturas mais feiosas que o mar pôde produzir. Não é à toa que o peixe vive a profundidades entre 100 e 400 metros. Sua boca e suas barbatanas são enormes! Os dentes afiados e as mandíbulas grandes assustam até mesmo os pescadores. Além disso, o animal é viscoso e seu corpo parece mais uma gelatina. Alguém aqui lembrou do natto? Pode-se dizer que o tamboril é um natto em forma de peixe.

IBARAKI: Seis cidades para você conhecer a província
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Na cidade de Kita-ibaraki, porém, tanta feiura gera riqueza. Hirakata é um dos portos pesqueiros mais movimentados da região e aqui costuma chegar o ki-anko, o tamboril amarelo, uma espécie que chega a ter 1,5 metro de comprimento e o peso de 30 quilos. Pescado basicamente no inverno, o peixe é uma iguaria disputada na estação. Parte da produção local é enviada para os mercados de todo o país e até do exterior por preços que só não são mais assustadores que a aparência do tamboril.

Um dos pratos feito com o feioso é o dobu jiru, um cozidão que leva a carne, os ossos, a pele, os ovários e o fígado do bicho junto com alho-poró, rabanete daikon e pasta de soja missô. O delicioso prato é, literalmente, papo de pescador. Surgido em alto mar, quando eles preparavam sua refeição, o dobu jiru não leva água potável, essencial quando se está embarcado. Isso porque quase 80% do corpo pegajoso e gelatinoso do tamboril é formado pelo líquido, que vai sendo liberado durante o cozimento.

Mas a base do gosto do prato é o encorpado fígado do animal que, ao ser cozido, libera no caldo gordura e sabor. Não é à toa que chefes mundo afora chamam o fígado do tamboril de foie gras do mar. Nos restaurantes de Tóquio, o dobu jiru pode chegar a custar ¥15000. Em Ibaraki, é possível se hospedar num ryokan e comer a iguaria pelo mesmo preço. Depois de conhecer a cidade do peixe feio, tenho certeza de que você vai concordar que beleza, realmente, não põe mesa.

 

Conteúdo cedido por: JP Guide

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