Localizada ao norte de Tóquio, Ibaraki é a “última fronteira” de Kanto, a região mais populosa do Japão, centro econômico e político do país. Espremida entre o mar e a montanha, a província tem forte influência da capital nacional, mas também guarda uma certa brejeirice interiorana, que a aproxima da região vizinha de Tohoku. No interior, cidades montanhosas abrigaram castelos e residências de antigos senhores feudais e desenvolveram uma economia baseada na agricultura e no comércio local. Já o litoral é da pesca, abundante por conta do encontro de correntes marinhas que fazem o ambiente marinho local propício para diversas espécies de frutos do mar de alto valor comercial.
A proximidade com a capital também trouxe a indústria para Ibaraki. Diversas empresas importantes têm sua produção em algumas cidades da província, o que também acabou atraindo uma população brasileira que, segundo dados de 2018, é de 5870 habitantes. Além disso, Ibaraki também abriga um dos maiores polos científicos do Japão, concentrado na cidade de Tsukuba, onde a Agência Espacial Japonesa (JAXA) é o destaque.
Veja as dicas de passeios para você conhecer melhor a província. Elas foram divididas por cidades de acordo com os temas. Ciência, história, cultura, gastronomia e natureza são alguns dos pontos que destacamos para surpreender você. Vem com a gente!
1 – A Cidade da Ciência
Quem embarca no moderníssimo Tsukuba Express e vai se aproximando do ponto final só tem algumas pequenas dicas de que está chegando numa cidade da ciência. Uma das estações tem nome de centros de pesquisa e da janela do trem é possível ver que tem algo em Tsukuba que é diferente das paisagens interioranas japonesas de outras regiões. Lar de uma das mais importantes universidades do Japão, a Tsukuba University, a cidade é uma das mais conhecidas da província de Ibaraki. Diz-se que a escolha do local para sediar a instituição foi feita porque Tsukuba é próxima de Tóquio o suficiente para se beneficiar do acesso ao centro econômico, científico e político do país mas ao mesmo tempo, longe o bastante para que a agitada vida toquiota não sirva de distração para estudantes e pesquisadores.
Dito isso, a ideia que fica é a de que Tsukuba é uma cidade modorrenta e cheia de nerds, certo? Depende! A primeira parte da afirmação passa longe de ser verdadeira. Apesar e por causa da vocação para a ciência, Tsukuba atrai gente do mundo todo à procura de conhecimento e, claro, de um pouco de diversão. Além dos próprios pesquisadores e estudantes, a cidade recebe gente comum que só quer saber mais. Cerca de 50 instituições de pesquisa científica da cidade abrem suas portas para a visitação pública. Já quanto aos nerds… Bem, podemos dizer que boa parte das pessoas que visitam a cidade tem um pezinho na nerdice. Afinal, que tipo de pessoa sabe apreciar melhor as maravilhas da ciência? Se você é assim, pode considerar que o vírus da nerdice já te infectou. Mas afinal, o que existe em Tsukuba que atrai tanto os amantes da ciência?
Para começar, fica na cidade o principal centro de pesquisas da JAXA, a Agência Aeroespacial Japonesa, que recentemente fez notícia mundo afora ao pousar não somente uma, mas duas vezes num asteroide em movimento. É possível para o visitante leigo conhecer um pouco da história dessa agência no Tsukuba Space Center, um centro de pesquisas que ocupa uma área de 530 mil metros quadrados, cercado de natureza e em plena produção científica.
Ver os laboratórios só é possível para pesquisadores registrados, mas visitantes com fascínio pelo espaço não se decepcionarão ao conhecer o Space Dome e o Planet Cube, duas áreas voltadas para a divulgação da pesquisa espacial japonesa e de sua história. Logo na entrada do domo fica o Dream Port, um modelo em escala 1/1.000.000 que dá uma ideia, por exemplo, de onde fica posicionado um dos principais satélites de comunicação japoneses. Seguindo mais adiante, uma série de itens, originais e réplicas, ocupam o enorme galpão e contam com detalhes as aventuras e conquistas japonesas no espaço sideral, inclusive a história e as descobertas da missão Hayabusa 2, aquela que fez dois pousos no asteroide. Além disso, é possível entrar numa versão em escala real do Kibo, o módulo experimental japonês na Estação Espacial Internacional. Do lado de fora do espaço, o visitante pode ver de perto um foguete real, o H II, com cerca de 50 metros de comprimento. Toda essa área tem entrada franca e as visitas são livres.
Quem quer se aprofundar ainda mais pode reservar uma tour à Sala de Controle do Kibo e ao Centro de Treinamento de Astronautas, nos quais é possível ver certas atividades em tempo real. Na visita, dá para saber mais sobre a profissão de astronauta, com informações sobre seleção, treinamento e cuidados com a saúde. São duas visitas guiadas por dia para quem vem fora de grupos. Adultos pagam ¥500 e estudantes até o ensino médio entram de graça. O agendamento antecipado é obrigatório. Grupos com até 20 pessoas também devem solicitar reserva e o preço da visita é de ¥10 mil. Os passeios guiados são feitos em língua japonesa. Tours em língua inglesa também estão disponíveis. Porém, é preciso reservar com muita antecedência, já que são poucos horários oferecidos nesta língua.
Vendo estrelas
Nenhuma viagem até Tsukuba fica completa sem que você visite o Expo Center da cidade, um espaço aberto em 1985 para sediar uma exposição mundial de desenvolvimento científico. O tempo passou e o prédio, que também tem um foguete que pode ser visto da estação central da cidade, continua cheio de tecnologia de ponta para ver e principalmente para explorar.
O centro abriga veículos de diversas naturezas. O KAZ é um carro elétrico de alta velocidade e 8 pneus desenvolvido pela Universidade Keio. Já o Shinkai 6500 fica no segundo andar do prédio e é um módulo de exploração submarina. O JARE, por sua vez, parece familiar já que é um removedor de neve, mas a presença dele no local se deve ao fato dele ter sido usado na Antártica. Mas o veículo de maior destaque é, sem dúvidas, o H II, foguete que visitou o espaço por cinco vezes nos anos 90.
Semelhante ao módulo de lançamento que pode ser visto no Space Center da JAXA, o foguete não é a única atração espacial do Expo Center. O local é a casa de um dos maiores planetários do mundo, com uma cúpula de quase 26 metros de diâmetro e equipamentos de projeção digital de última geração. Também vale destacar o Sun Cruiser, o simulador de uma viagem ao sol. Aliás, interação e experimentação são as palavras de ordem no Tsukuba Expo Center. Afinal, quando você vai ter a chance de mover sem a ajuda de ninguém uma pedra de 50 toneladas? Sim, esse é o Yurugi-ishi, uma obra de arte e de ciência produzida para a exposição de 1985. Num momento em que a desinformação tem feito muita gente desprezar o conhecimento científico, nada como uma visita a uma cidade que leva a produção de ciência de ponta a sério.
JAXA – Tsukuba Space Center (JAXA筑波宇宙センター)
Ibaraki-ken Tsukuba-shi Sengen 2-1-1
10 às 17 horas (o Space Dome abre às 9:30)
entrada franca (Space Dome; tour guiada para estudantes até o Ensino Médio, pessoas de até 17 anos, pessoas com deficiências e um acompanhante e profissionais da educação acompanhando grupos de estudantes), ¥500 (a partir dos 18 anos, em tour guiada)
reserva obrigatória para grupos acima de 10 pessoas e para a tour guiada
Tsukuba Expo Center (筑波エキスポセンター)
Ibaraki-ken Tsukuba-shi Azuma 2-9
9:50 às 17:00 (entrada permitida até 30 minutos antes do fechamento)
fechado às segundas-feiras
¥410 (adultos) e ¥210 (crianças) ou, com o planetário, ¥820 (adultos) e ¥410 (crianças)
2 – A Cidade do Natto
Ame-o ou deixe-o. Com o natto é assim, não existe meio termo. Se para quem só conhece a gastronomia japonesa fora do Japão o peixe cru é um grande tabu, quem vive no país acaba descobrindo que o buraco é muito mais embaixo. Para muitos, o fundo desse poço é o natto, uma iguaria feita com soja fermentada, com um aspecto melequento e um cheiro forte que dificilmente costumam servir como atrativos para marinheiras e marinheiros de primeira viagem. Acontece que, para os japoneses de Kanto, o natto é quase uma instituição. Não existe café da manhã tradicional sem a iguaria que pode ser temperada com mostarda, shoyu e cebolinha. Puro ou acompanhando o arroz, o fermentado está sempre presente.
Mito, bem no centro da província, é a capital de Ibaraki. A pequena cidade de pouco mais de 210 mil habitantes também é a capital nacional do natto. A história da província com a iguaria vem de séculos atrás. Acredita-se que o natto tenha surgido em algum lugar na região de Tohoku, com a qual Ibaraki faz limite, e se espalhado pela vizinhança. Naquela época, era comum transportar comida embalada em palha de arroz.
Uma das histórias diz que um grupo de soldados estava cozinhando grãos de soja quando precisou fugir às pressas de um ataque inimigo. Para não perder a escassa ração, os homens embalaram os grãos já cozidos em palha de arroz e bateram em retirada. Tempos depois, ao abrir as embalagens para comer, a soja estava grudenta. Surgia, assim, sem muitas glórias, o natto. Os soldados fujões mostraram que coragem não lhes faltava e acabaram comendo o negócio assim mesmo. Eis que acharam bom e os homens acabaram por espalhar a receita. Isso deve ter acontecido no Período Heian, há mais de mil anos. Atualmente, sabe-se que os soldados fizeram bem em comer a iguaria. O natto é uma comida super nutritiva, contendo vitaminas, minerais como o ferro, fibras e outros daqueles itens indispensáveis para uma vida guerreira.
A fermentação da soja para o preparo do natto é feita por uma bactéria chamada Bacillus subtilis natto. Carinhosamente chamado pelos japoneses de natto-kin, o micróbio gosta de viver na palha do arroz, facílimo de encontrar num país onde o cereal é a base da alimentação. Os antigos só tiveram que guardar a soja cozida nas palhas que sobravam da colheita do arroz e deixar a natureza trabalhar. Essa era a maneira de produzir o natto no passado. Hoje em dia, com a produção de massa, a bactéria é inserida já nas embalagens de isopor. Mas basta ir até Mito para ver o modo de produção tradicional da iguaria
Na estação central da cidade já dá para perceber que o natto é muito importante para os locais. O wara natto, a iguaria produzida na palha do arroz, pode ser comprado mesmo sem sair da estação. Em frente à parada ferroviária, uma estátua do wara natto mostra mesmo que os mitoenses levam a iguaria à sério. O sucesso do natto de Mito começou no ano de 1900, quando a linha ferroviária Joban chegou à cidade, vinda de Tóquio. Na época, os visitantes eram apresentados ao wara natto já nas plataformas e não demorou muito para que o produto local fosse considerado de alta qualidade, diferente daquele consumido na capital do país. Ainda hoje o nome de Mito é ligado ao wara natto, algo que traz orgulho aos moradores da cidade.
Para conhecer de perto a produção tradicional de natto na cidade visite o Mito Tengu Natto Museum que fica a cerca de 400 metros da estação central. O espaço é administrado pela fábrica de mesmo nome que até os dias de hoje produz natto da forma mais tradicional, ou seja, na palha de arroz. No museu, é possível saber mais sobre a história do wara natto e os detalhes de sua produção, do passado até os dias de hoje. O espaço de exposição fica ao lado da fábrica, separado apenas por paredes de vidro. Isso quer dizer que é possível ver o pessoal trabalhando na iguaria. Quem sabe era uma oportunidade dessas que estava faltando para você incluir o natto na sua dieta?
====== BOX/DESTAQUE ===== 納豆と同じ枕に寝る夜かな
nattô to onaji makura ni neru yo kana
O nattô compartilha
o travesseiro comigo
Que noite de sono!
O poeta Issa (1763-1827) cantou o natto em diversos haiku. Neste, o autor mostra a importância da iguaria na dieta de sua época. =========
Tengu Natto Museum (納豆展示館)
Ibaraki-ken Mito-shi Sannomaru 3-4-30
9:00 às 17:30 – entrada franca
3- A Cidade das Bonecas
Todo mês de março, o Japão inteiro é inundado com belos altares vermelhos onde se alinham bonecas que representam a corte imperial do Período Heian. Chamado de Hina Matsuri, o festival existe para celebrar as meninas da família e pedir por sua saúde e felicidade. Diversos locais em Ibaraki organizam programação especial para a época, mas nenhum se tornou tão conhecido quanto Makabe, atualmente um distrito da cidade de Sakuragawa.
Até bem pouco tempo atrás, a pequena Makabe era um município independente com um título curioso: cidade da pedra. Isso porque, há pelo menos 500 anos, os artesãos da cidade vêm se especializando na produção de belas lanternas de pedra, chamadas em japonês de ishidoro. Essas lanternas costumam ornamentar templos e santuários, além de jardins tradicionais. Desde o Período Meiji, o ishidoro de Makabe é apreciado como símbolo de refinamento e delicadeza.
Aliás, esses adjetivos poderiam muito bem se aplicar às antigas residências do local. Antes, uma cidade criada no entorno de um castelo, Makabe hoje brilha com cerca de 300 construções datadas dos Períodos Edo, Meiji e Taisho. Noventa e nove desses prédios são tombados pelo Patrimônio Histórico Nacional. Dentre eles, está a Livraria Kawashima que servia como farmácia durante o Período Edo. Outra construção de destaque é a fábrica de saquê Nishioka, com seus 230 anos de história.
Cenário como este não poderia ser mais propício para as comemorações do Hina Matsuri. Em Makabe, elas começam no início de fevereiro e duram até o início de março, culminando no dia 3, data oficial do Hina. Apesar do sucesso, tudo começou há pouco mais de uma década. Naquela ocasião, cerca de 20 famílias abriram suas casas, tiraram suas coleções de bonecas das caixas e mostraram para os visitantes durante o mês da festividade. A adesão da comunidade foi imediata e, hoje, são cerca de 160 expositores, entre negócios e residências particulares, com bonecas hina de diversos formatos e materiais, algumas delas com séculos de história. Não podiam faltar, claro, as personagens hina feitas de pedra, material que deu nome à Makabe por muitos anos e, agora, ajuda a transformar a localidade na cidade das bonecas.
Festival Hina de Makabe (真壁ひな祭り)
Ibaraki-ken Sakuragawa-shi Makabechoiitsuka
início de fevereiro até o início de março, com culminância no dia 3
transporte especial é oferecido a partir das estações de Tsukuba e Iwase durante o festival
entrada franca
4- A Cidade das Carpas
Hitachiota, quase no litoral de Ibaraki, produz uma grandiosa exposição de carpas suspensas na Ponte Ryujin, considerada a maior passarela de ferro do Japão. Cerca de mil carpas são penduradas paralelas à ponte, cruzando o desfiladeiro, da última semana de abril até o meado de março.
Ornamento comum no antigo Dia dos Meninos (5 de maio), as carpas são as estrelas de uma lenda que conta que a espécie, ao nadar contra a corrente, se torna um dragão no final da jornada. No passado, esse tipo de jornada heroica era visto como coisa de garoto e, por isso, as famílias suspendiam carpas somente para os filhos homens. Atualmente, cada uma das crianças da família ganha destaque e as orações são feitas para que meninos e meninas se tornem fortes como os dragões da lenda. Em Hitachi-ota, esse desejo é representado por carpas gigantes e multicoloridas que balançam ao sabor do vento no desfiladeiro. Poético!
Festival das Carpas do Desfiladeiro de Ryujin (竜神峡鯉のぼり祭り)
Ibaraki-ken Hitachiota-shi Keganocho 2133-6
final de abril até a segunda semana de maio
entrada franca
5 – A Cidade das Flores
Um dos lugares mais instagramáveis do Japão, o Hitachi Seaside Park é um parque público de 190 hectares na cidade de Hitachinaka no litoral da província de Ibaraki. Antes um aeroporto militar, o espaço foi ocupado pelas forças americanas no final da Segunda Guerra Mundial e utilizado como área de treinamento balístico. Com as mortes e acidentes ocorridos no local, os moradores se organizaram para solicitar o fim do uso militar do terreno, o que acabou ocorrendo em março de 1973, quando os americanos devolveram a área ao governo japonês. A partir daí, se decidiu pela criação de um parque coberto de flores, uma espécie de oração em prol da paz.
Geologicamente falando, o parque fica em cima de uma área de dunas depositadas ao longo dos milênios pelo Rio Kuji, que desemboca por ali, no Mar de Kashima, que nada mais é que o próprio Oceano Pacífico. Essa areia, deslocada pelos ventos abundantes, acabou se formando as diversas colinas da área que hoje abriga o parque. Por conta das correntes quentes e frias que se alternam ao longo do ano, espécies vegetais comuns no norte e no sul do planeta conseguem vingar na região, criando paisagens diferentes ao longo do ano.
Colinas cobertas de um tapete azul são a imagem mais icônica do Hitachi Seaside Park. Do meado do mês de abril até o início de maio, 4,5 milhões de nemófilas florescem em Miharashi no Oka, atraindo, sem exagero, visitantes de várias partes do planeta. Chamadas em japonês de rurikarakusa, essas plantas são originárias da América do Norte e ocupam 3,5 hectares do parque. Elas chegam a 20 centímetros de altura e suas flores delicadas têm até 3 centímetros de diâmetro. Flores coadjuvantes na maioria dos jardins em seu local de origem, as nemófilas são as grandes estrelas na primavera do Hitachi Sea Side Park.
A partir de julho, o protagonismo muda e as Bassia scoparia começam a verdejar. Chamadas de kochia em japonês e mirabela em português, as plantas passam todo o verão com essa coloração. Até que, na entrada do outono, elas começam a mudar de cor. No meado de outubro, os quase 2 hectares dedicados a essa planta nativa do continente eurasiático ficam pintados de vermelho escarlate, um espetáculo que mobiliza milhares de visitantes de volta à Colina Mirahashi. Encontrada também no Japão onde é chamada de houkigusa, a mirabela produz nozes conhecidas pelos japoneses como tonburi. Elas são comestíveis e, na província de Akita, são chamadas de “caviar dos campos”. No parque, no entanto, não é permitido comer os tonburi.
Além das duas maiores estrelas, outras flores podem ser vistas no parque ao longo do ano. Mesmo no inverno, a época mais seca, uma espécie de tulipa pode ser apreciada por lá. Mas é a partir de fevereiro que o local começa a ficar colorido, com o florescer das ameixas. Em seguida, março e abril adentro, abrem os narcisos, a colza, as rosas, as tulipas e outras. O calendário anual das flores pode ser conferido no site do local (hitachikaihin.jp).
Porém, não é só de colorido que vive o Hitachi Seaside Park. Para as crianças, espaços como o Tamago no Mori Garden garantem a diversão. Ali, existe um trampolim que é capaz de drenar a energia da garotada mais agitada. Outro espaço preferido pelos pequenos é o Omoshiro Tube, um playground em forma de tubo que lembra uma montanha russa com seus 400 metros de comprimento e 19 diferentes subidas e descidas. No verão, é possível enfrentar o calor no Mizuasobi Hiroba, onde a garotada brinca em chafarizes e piscinas rasas. A enorme área pode ser percorrida por duas linhas de “trem” que circundam o local e até uma roda gigante foi instalada para quem quer apreciar as flores de forma diferente.
Amantes de esporte também não ficarão descontentes. Duas pistas de BMX podem ser usadas pelos apaixonados por bicicross. Tanto as magrelas quanto os equipamentos protetores podem ser solicitados para empréstimo no local. Quem curte golfe pode usar uma das duas pistas disponíveis no parque, uma delas para iniciante. A cidade das flores é, também, um espaço de lazer e esportes.
Hitachi Seaside Park (ひたち海浜公園)
Ibaraki-ken Hitachinaka-shi Mawatari Onuma-aza 605-4
9:30 às 17:00 (em alguns dias do ano, o parque abre mais cedo e fecha mais tarde)
De um modo geral, o parque fecha às segundas, no ano novo e em alguns dias na primeira semana de fevereiro. Antes de visitar, consulte o calendário no site hitachikaihin.jp para saber os horários de funcionamento.
¥450 (adultos e estudantes do Ensino Médio), ¥210 (a partir dos 65 anos); tíquetes para dois dias e passe anual também estão disponíveis
6- A Cidade do Peixe Feio
Beleza põe mesa no prato dos japoneses, isso já sabemos. Até o bentô mais ordinário do supermercado costuma ser muito bem apresentado. Em outras palavras, no Japão o pessoal sabe comer com os olhos. Se a beleza é regra para os pratos, o mesmo não pode se dizer para os ingredientes. Assim fosse, seria difícil que alguém se deixasse seduzir pela aparência do anko, conhecido em português como tamboril, uma das criaturas mais feiosas que o mar pôde produzir. Não é à toa que o peixe vive a profundidades entre 100 e 400 metros. Sua boca e suas barbatanas são enormes! Os dentes afiados e as mandíbulas grandes assustam até mesmo os pescadores. Além disso, o animal é viscoso e seu corpo parece mais uma gelatina. Alguém aqui lembrou do natto? Pode-se dizer que o tamboril é um natto em forma de peixe.
Na cidade de Kita-ibaraki, porém, tanta feiura gera riqueza. Hirakata é um dos portos pesqueiros mais movimentados da região e aqui costuma chegar o ki-anko, o tamboril amarelo, uma espécie que chega a ter 1,5 metro de comprimento e o peso de 30 quilos. Pescado basicamente no inverno, o peixe é uma iguaria disputada na estação. Parte da produção local é enviada para os mercados de todo o país e até do exterior por preços que só não são mais assustadores que a aparência do tamboril.
Um dos pratos feito com o feioso é o dobu jiru, um cozidão que leva a carne, os ossos, a pele, os ovários e o fígado do bicho junto com alho-poró, rabanete daikon e pasta de soja missô. O delicioso prato é, literalmente, papo de pescador. Surgido em alto mar, quando eles preparavam sua refeição, o dobu jiru não leva água potável, essencial quando se está embarcado. Isso porque quase 80% do corpo pegajoso e gelatinoso do tamboril é formado pelo líquido, que vai sendo liberado durante o cozimento.
Mas a base do gosto do prato é o encorpado fígado do animal que, ao ser cozido, libera no caldo gordura e sabor. Não é à toa que chefes mundo afora chamam o fígado do tamboril de foie gras do mar. Nos restaurantes de Tóquio, o dobu jiru pode chegar a custar ¥15000. Em Ibaraki, é possível se hospedar num ryokan e comer a iguaria pelo mesmo preço. Depois de conhecer a cidade do peixe feio, tenho certeza de que você vai concordar que beleza, realmente, não põe mesa.
Conteúdo cedido por: JP Guide
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